Em Nepal, Theatro Fúria leva sobreviventes do fim do mundo ao palco da UFMT

Theatro Fúria retoma um clássico do repertório, com apresentações nos dias 20 e 21 de julho; Ingressos são gratuitos e podem ser retirados no site oficial do grupo.
O Theatro Fúria retoma um dos seus trabalhos mais importantes. Aclamada pela crítica e plateias de todo o país, Nepal, que ficou em cartaz entre os anos de 2000 e 2010, acumulando prêmios relevantes do teatro brasileiro, volta à cena com adaptações para nova temporada. O espetáculo será encenado nos dias 20 e 21 de julho, às 20 horas, no Teatro da Universidade Federal de Mato Grosso.
Ingressos estão disponíveis no site www.theatrofuria.com. A entrada é gratuita, mas o público tem a opção de contribuir voluntariamente, com qualquer valor, via Pix. No endereço oficial há mais informações sobre a campanha intitulada “Eu valorizo a arte”. Fazendo a contribuição, é possível concorrer a brindes e vantagens especiais para os próximos eventos do Theatro Fúria.
Em Nepal, o mundo acabou. Ou quase. Restam apenas duas pessoas que se encontram uma terra distante, em algum ponto do país homônimo. E é assim que Traço e Bathanagar, interpretados por Péricles Anarckos e Carolina Argenta, respectivamente, se veem forçados a redefinir os valores que antes determinavam suas vidas.
Pautada pelo existencialismo, a peça desperta emoções e reflexões diversas no público ao discutir ambições e pequenos poderes no limite da existência. É que no limiar apocalíptico, os personagens se veem obrigados a criar uma nova convenção social, especialmente porque o acesso à água impulsiona o conflito entre eles.
Aguçando a curiosidade, Péricles relembra que Bathanagar se apropria de um rio que é única fonte de água na região e assim, o curso d´água vira alvo do desejo de Traço, um andarilho que ali chega. Tal qual a primeira versão, eles lutam com cordas o tempo todo, mas a bacia de outrora deu lugar à “furiosa máquina chovedora”.
Péricles, que assina a dramaturgia e direção e segue no elenco, relembra que viajou por mais de 18 estados brasileiros na primeira década dos anos 2000, ao lado do ator Giovanni Araújo. O dramaturgo adianta aos seguidores de uma das mais importantes companhias teatrais de Mato Grosso, que não há alteração no texto, mas realça o novo “instrumento” que materializa os conflitos entre Traço e Bathanagar.
O embate constante entre os dois sobreviventes é permeado por um humor ácido que instiga o público a refletir sobre o quanto vale o poder quando se está à beira da extinção.
Como o público já cativo bem sabe, o Theatro Fúria sempre lança mão de experimentações inovadoras para compor suas produções, então, há muita expectativa em torno desse elemento. “Em 2020, quando começamos a pensar Nepal, fizemos algumas experimentações com latas de atum e verificamos que seriam elementos válidos para investir na sonoplastia da peça. Foi assim que nasceu a máquina, que faz alusão ao materialismo”, explica.
Carolina Argenta, por sua vez, que é arquiteta, deu um toque especial à engenhoca. “Para materializar também as questões que permeiam a física”, sorri. “A cenografia nasceu e então, foi o impulso para a retomada de Nepal. Ela foi o ponto de partida para a encenação”.
Somam ao Fúria nesta empreitada, Caio Ribeiro, que compartilha a produção com Carolina Argenta; Natália Valentini (assistência de produção), Douglas Peron, que assina a cenografia junto ao Theatro Fúria; Ricardo Porto, na sonoplastia com o Theatro Fúria, Everton Britto (iluminação) e Renato Medeiros, autor do projeto gráfico.
O espetáculo é viabilizado graças ao incentivo do Governo de Mato Grosso, via edital Viver Cultura, da Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer (Secel-MT) e apoio da Pró Reitoria de Cultura, Extensão e Vivência (Procev) e Teatro da UFMT.
O Fúria
As produções do Theatro Fúria têm dramaturgia própria e são pautadas por muita pesquisa e liberdade criativa. A trajetória do Fúria tem início em 1998 e desde então, são mais de 20 espetáculos montados. Destes, 13 circularam por festivais em todo o país, recebendo reconhecimento da crítica e públicos diversos, seja nos teatros ou nas ruas. Algumas dessas montagens, como é o caso de Nepal, receberam prêmios de dramaturgia, encenação, atuação, figurino, sonoplastia e iluminação.
Os espetáculos têm como característica marcante, questões existencialistas. “Não necessariamente humanistas”, descrevem. É um grupo que, no que tange à ideologia, está em constante indagação e crê que uma boa dúvida é teatralmente mais estimulante, do que verdades cristalizadas.
Assessoria/Caminho Político
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