Lilian Ribeiro: 'Não é sobre ser forte, e sim acolher e fazer o melhor por si mesmo'

No último dia 8, o 'Em Pauta', da GloboNews, começou diferente. A apresentadora de 37 anos, que estava afastada há alguns dias, voltou à ativa e compartilhou com o público que havia sido diagnosticada com câncer.
Ao vivo e usando um lenço, ela admitiu que o tratamento não é nada fácil. "Você deve ter reparado que eu estou com um visual um pouquinho diferente e eu quero muito dividir com você o motivo. No dia 1º de outubro eu fui diagnosticada com câncer de mama. É difícil, não é fácil. Estou me tratando, me cuidando", disse.
"Comecei a fazer quimioterapia e estou me saindo bem, segundo os médicos. Algumas reações são um pouco chatas, mas seguimos em frente. Como boa parte das pessoas que fazem a quimioterapia, perdi os meus cabelos", revelou.
"Neste processo a caminho da cura, eu vou aparecer assim na tela da GloboNews. Queria muito que esse lenço fosse uma lembrança do fato que estou fazendo o melhor por mim, e isso inclui estar aqui. Inclusive com a orientação dos meus médicos, que destacaram que estar aqui trabalhando também me ajuda", acrescentou.
A revelação causou uma onda de mensagens carinhosas nas redes sociais e dos colegas de programa e profissão. Em uma entrevista exclusiva concedida ao Portal IMPRENSA, Lilian contou como tomou a decisão de falar sobre o assunto ao vivo, e sobre a importância de trazer esse assunto para o dia a dia dos telespectadores. Confira!
PI - Por que você sentiu a necessidade de quebrar essa "barreira", e conversar diretamente com o telespectador e falar sobre o seu caso?
Lílian Riberiro: A questão do cabelo acabou sendo decisiva. Eu decidi raspar e não me adaptei com o uso da peruca. Como eu desejava seguir trabalhando, levei à direção a ideia de usar o lenço. Foi um desejo meu e que, felizmente, não encontrou nenhum impedimento. De toda forma, senti que precisaria ser transparente com o telespectador, explicar o que estava acontecendo.
PI - Você acredita que depoimentos como o seu podem impactar de forma positiva, levar uma mensagem de coragem, a outras mulheres que te assistem?
LR - O diagnóstico de câncer e o tratamento contra a doença são etapas de grande fragilidade. Acho que muita gente pôde se identificar, vendo alguém na TV dizendo "olha, tá difícil aqui também, mas estou tentando, estou seguindo". Não é sobre ser forte, mas sobre se acolher e fazer o melhor por si mesmo.
PI - Como foi a recepção do público após a sua fala?
LR - A forma como as pessoas receberam a informação do meu diagnóstico foi surpreendente pra mim. Recebi milhares de mensagens de apoio, de carinho, de pacientes oncológicos ou não, mas que, de alguma forma, se sensibilizaram. Foi um alento.
PI - Há quanto tempo você iniciou o tratamento?
LR - Comecei as quimioterapias no dia 11/10. Já fiz três sessões e ainda faltam cinco. Depois, ainda tenho uma cirurgia e radioterapia pela frente. Um dia de cada vez, a caminho da cura.
Papo sincero também no GE-RS
Em outubro do ano passado, Alice Bastos Neves, apresentadora do GloboEsporte do Rio Grande do Sul também resolveu dividir sua experiência da quimioterapia com o público.
Para ela, que queria continuar trabalhando durante o tratamento, o "papo sincero" com os telespectadores a fortaleceria, como de fato aconteceu, segundo seu relato.
"No meu protocolo de tratamento veio primeiro a cirurgia para retirada do tumor com margens, e, como tive dois linfonodos positivos para a doença, houve indicação de quimioterapia. O momento de contar para as pessoas ao vivo na televisão foi muito intenso. Eu não tinha dividido nem com a equipe, apenas poucas pessoas sabiam. Preparei um texto e coloquei no tele prompter. Quando estava no meio da fala enxerguei, por trás da lente da câmera, um colega cinegrafista do estúdio chorando, foi o primeiro grande impacto. Mas eu não tinha a dimensão do quanto essa troca seria fortalecedora para mim e para outras mulheres", conta, com exclusividade ao Portal IMPRENSA.
"A partir do meu movimento de falar sobre o tema, além de ter recebido uma avalanche de amor, acabei de alguma forma incentivando e inspirando outras mulheres a buscarem seus exames de rotina, e também encararem o diagnóstico de forma mais leve. Depois disso, usamos o tema do esporte, da atividade física, da busca por qualidade de vida, para trazer esse tema também para a pauta esportiva. Já exibimos no Globo Esporte RS duas temporadas de uma série chamada Vitórias, que mostra mulheres que utilizaram o esporte e atividade física no enfrentamento ao câncer de mama e na vida após a cura."
Assim como Lilian, ela afirma que a depoimentos como esses podem impactar de forma positiva na forma como outras mulheres que enfrentam desafios similares.
"O câncer ainda é uma doença cercada de muitos estigmas, então, sempre que temos a oportunidade de dividir informação, precisamos aproveitar. Esse foi o meu aprendizado a partir da minha vivência. Durante essa jornada, fui procurada por muitas mulheres que disseram que utilizaram do meu depoimento como inspiração na própria trajetória. Mas sempre procuro lembrar de algo muito importante que é a individualidade", diz.
"Cada diagnóstico é único, não podemos tratar câncer de mama como sendo uma doença só, existem peculiaridades bem específicas de cada mulher. E isso se reflete na forma de cada uma de encarar esse desafio. Não existe certo e errado, não existe uma fórmula que se aplique a todas. É importante que as mulheres encontrem a sua forma de passar por tudo da melhor maneira, e preferencialmente que possam contar com a rede de apoio, tanto de equipe médica multidisciplinar quanto de amigos e familiares", diz ela, que também falou sobre o uso da peruca e dos turbantes ao vivo.
"A peruca e os turbantes foram aliados muito importantes da minha jornada. Apesar de ter encarado com muita tranquilidade o momento de raspar a cabeça, demorei a ter coragem de dividir com o público minha imagem carequinha. Fiz isso primeiro nas redes sociais e a decisão por levar essa "versão" para a TV veio com a estreia da primeira temporada de Vitórias" no Globo Esporte, em 1º de outubro de 2020. Eu tinha conversado com tantas mulheres, me conectado com tantas histórias, e ouvido tantas delas me contando da dificuldade de se reconheceram carecas, que achei que era justo com elas e com todo mundo que passa por isso. No fim, acabou gerando uma série de reflexões sobre os muitos padrões que nós, mulheres, acabamos nos submetendo sem nem perceber."
Assessoria/Caminho Político/PI
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