"Tunísia faz primeiras eleições municipais desde Primavera Árabe"

Mão de eleitor deposita voto na urna na TunísiaVotação é considerada crucial para consolidação da democracia do país. Analistas preveem fraca participação eleitoral devido à apatia generalizada, apesar da insatisfação popular com desemprego e inflação. Os tunisianos vão às urnas neste domingo (06/05) para participar das primeiras eleições municipais no país desde a revolução da Primavera Árabe, de 2011. O pleito é um passo crucial para consolidar a democracia na nação do norte da África.
Cerca de 5,3 milhões de cidadãos foram convocados para eleger os conselhos municipais do país. Os conselhos estão recebendo mais poderes, em um esforço para descentralizar a tomada de decisão e impulsionar regiões marginalizadas do interior.
As mulheres representam 49% dos candidatos, em parte graças a medidas legais aprovadas nos últimos anos para incentivar a igualdade. E uma das principais candidatas é a farmacêutica Souad Abderrahim, que concorre para se tornar a primeira prefeita da capital, Túnis.
Quase metade dos candidatos são independentes e muitos são iniciantes na política.
"Essas eleições são um passo histórico", diz o chefe da missão de observação da União Europeia, Fabio Massimo Castaldo. "Elas levarão a democracia participativa a um nível local, onde os problemas diários são gerenciados e onde os cidadãos podem realmente fazer ouvir suas vozes", avalia.
Observadores acreditam que os candidatos independentes podem ter um bom desempenho, impulsionados pela desilusão com os principais partidos, que não cumpriram suas promessas após a revolução de 2011, quando manifestantes tunisianos derrubaram o então ditador, Zine El Abidine Ben Ali, dando início a outras revoltas no mundo árabe.
Os tunisianos já votaram em eleições parlamentares e presidenciais desde a queda de Ben Ali, mas eleições municipais foram adiadas quatro vezes, devido a impedimentos logísticos, administrativos e políticos.
O partido islâmico Ennahda, considerado o mais bem organizado, apresentou listas em todos os municípios e deve ter a maioria dos vencedores. A agremiação é seguida pela legenda secular Nidaa Tounes (Chamada da Tunísia), do presidente Beji Caid Essebsi, que chefia o governo do país, em coalizão com o Ennahda.
A Tunísia ainda se recupera dos ataques extremistas islâmicos a locais turísticos e à guarda presidencial em 2015. O governo deslocou 60 mil policiais para proteger os 11 mil locais de votação.
Analistas preveem uma fraca participação eleitoral. A apatia é generalizada apesar da insatisfação com a taxa de desemprego de 15% e os 7% de inflação. Esses são problemas especialmente grandes para a juventude da Tunísia, que liderou a revolta de 2011, mas não viu suas oportunidades melhorarem nos anos que se seguiram.
MD/afp/ap/cp

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