Acredito que a verdadeira riqueza da vida reside nas experiências que acumulamos ao longo de nosso caminho, sejam elas positivas ou negativas. Essas vivências nos permitem aprender, lembrar e agregar algo valioso em nossa jornada. Particularmente, minha infância não foi muito simples e a adolescência foi bastante desafiadora. No entanto, essa busca incessante por conhecer e viver diferentes experiências me levou a permitir que várias pessoas entrassem em meu mundo, mesmo sendo uma pessoa reservada por natureza. Apesar de parecer séria e inacessível, sou aberta e acolho aqueles que se aproximam.
Ao longo dessa trajetória, pude aprender muito sobre mim mesma como mulher. Embora saiba que o aprendizado é contínuo e que nunca seremos completamente "inteiras", acredito que devemos nos tornar a pessoa certa em vez de buscar pela "pessoa certa". Durante essa caminhada, busquei construir e aprimorar aspectos da minha vida, adicionando o que considerava importante e descartando o que não contribuía para o meu crescimento. Essa busca não visava necessariamente agradar a todos, pois tive uma fase em que me preocupava com a aceitação alheia. No entanto, à medida que amadureci, percebi que ser aceita por todos não era o mais importante.
Chegar aos 60 anos é um marco significativo. Para mim, os anos anteriores foram de preparação, pois ainda estava me amadurecendo. Grandes personalidades como o diretor Roberto Marinho, que fundou a Rede Globo, Abraham Lincoln, que se tornou presidente dos EUA, e Nelson Mandela, que fez uma transformação política, alcançaram realizações marcantes aos 60. Portanto, considero essa idade como um marco simbólico. Como diz a "idade da loba", que é um momento em que aprendemos a olhar a lua e contemplar as coisas valiosas, místicas e mágicas da vida.
A maturação é diferente de ser madura. Ao longo desses anos, aprendi a não exagerar, a compreender que há uma gama de tons entre o preto e o branco. Sempre fui uma pessoa radical e descobri que existem várias facetas dentro de mim e aprendi a escolher aquelas que me ajudavam a avançar, deixando de lado as características mais desafiadoras. Essa jornada me levou 59 anos para aprender. Chegar aos 60 anos sem a capacidade de viver independente da dinâmica da vida, de ter serenidade e clareza, independente das circunstâncias e das pessoas ao meu redor, seria um desperdício. Portanto, cada momento e cada experiência ao longo do caminho teve sua importância, mesmo que envolvam erros e falhas.
Passei por diversas fases, desde a maternidade até a transição para ser avó. Durante minhas décadas de vida, falhei aos 20 anos, falhei na tentativa de conciliar a maternidade e a carreira profissional, e passei por inúmeras experiências que moldaram quem sou hoje. Levei 30 anos para criar meus filhos e finalmente chegar a uma fase em que eles deixaram o ninho. Foram 11 anos entre erros e acertos até chegar à técnica que eu trabalho. Cada etapa trouxe consigo diferentes mundos que interferiram.
Percebo que me tornei uma versão polida de mim mesma. Aprendi a aceitar as coisas de forma menos radical e a encontrar maneiras de expressar minha não aceitação de forma construtiva. A independência tornou-se uma qualidade importante para mim, e aprendi a ser automotivada. Se estou rodeada de pessoas, aproveito a companhia delas, mas também sou capaz de encontrar satisfação e motivação quando estou sozinha. Compreendo que meu próprio movimento pode causar uma diferença no contexto da energia mundial, e não dependo apenas de estar inserida em um movimento coletivo. Posso ser o início de um movimento significativo.
Durante essa jornada até os 60 anos, quantas pessoas fizeram parte do meu caminho! Quantas gostaram de mim, quantas me odiaram, quantas me detestaram! Todas essas pessoas foram importantes para moldar a Sonia de hoje. Acredito que a vida será mais leve se procurarmos evitar ofensas e sermos instrumentos de pacificação. Aprendi a falar na hora certa e a ouvir mais do que falar. Compreendi que nem sempre as pessoas expressam seus verdadeiros sentimentos, muitas vezes dizendo apenas o que é bonito para se ouvir. A leitura nas entrelinhas e nas expressões tornou-se uma habilidade valiosa. A maturação nos traz esse tesouro precioso, a capacidade de compreender além das palavras ditas.
É um privilégio chegar aos 60, mas chegar aos 60 anos com saúde é ainda mais significativo. Considero-me uma pessoa saudável, com muita energia, e espero poder usar tudo o que aprendi até agora para beneficiar a humanidade. Quando digo humanidade, refiro-me a todas as pessoas que cruzarem meu caminho. Sou grata por cada pessoa que se tornou um presente em minha vida. Nem sempre sabemos de onde virão esses presentes ou quando, mas eles surgem.
Cada momento vivido ao longo desses anos foi valioso e enriquecedor. Colecionei experiências e aprendizado. Aprendi a voltar ao ponto zero, a me questionar por que vou ficar assim e como posso evitar que isso me adoeça. A vida é simplesmente a vida, e ela não depende de mais nada além de nós mesmos. Somos responsáveis pelos sentimentos que permitimos em nosso interior.
Compreender que a estrutura jovem é diferente de quando chega a casa dos 40, 50 é importante nesse estágio da vida. Não devemos encarar os gastos com nosso bem-estar como meras despesas, mas sim como investimentos. Para mim, cuidar da saúde por meio de suplementação, óleos essenciais, atividades físicas e outros recursos naturais é um investimento em uma vida madura, saudável e plena. Afinal, cada fase que atravesso requer cuidados específicos, como a companheira menopausa. Essas atitudes são essenciais para que possamos nos manter jovens.
Ao celebrar meus 60 anos, reconheço que essa é uma estação de lucidez plena, onde posso compartilhar minhas experiências como inspiração para os outros. Espero para depois dos 60 uma entrega de tudo aquilo que eu preparei até agora. Todo e qualquer desafio, aventura ou proposta que surgir não será tão diferente do que já vivi, das dores e alegrias. Então, eu estou pronta, pois sei que as experiências passadas me deram a resiliência necessária. É isso!!
Te espero nesta estação dos 60.
Sonia Mazetto é Gestora de Potencial Humano, Terapeuta Integrativa, Fonoaudióloga e Palestrante
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