A falta de informação é um dos grandes desafios do tratamento oncológico. Até pouco tempo, (na verdade até hoje) a crença é que não se podia, nem mesmo, pronunciar a palavra “câncer”, que atrai coisas ruins. Nesse cenário, imagina informar sobre a doença ou mesmo diagnosticar alguém. Seria o fim. Graças a Deus, e aos avanços da ciência, temos evoluído muito nos tratamentos oncológicos e cada dia mais a doença é desmistificada. É preciso falar do câncer sim, ainda mais que o melhor remédio é a prevenção. E não só sobre a doença, mas também seus tratamentos, procedimentos, enfim, tudo que envolve esta jornada. Por isso, neste artigo quero falar sobre a radioterapia, nome que também causa medo em muitas pessoas. Vamos lá! Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), a radioterapia é um tratamento que utiliza radiação para destruir ou impedir o crescimento de células de um tumor. Você deve estar se perguntando: se a radiação pode causar câncer, por que a radioterapia é usada contra o câncer? Vou tentar explicar de uma maneira bem simplificada. O câncer surge depois de uma alteração no formato das células em que elas passam a se replicar rapidamente e acabam criando um exército defeituoso. A radioterapia causa a lesão diretamente nessas células anormais ocasionando a morte celular.
Eventualmente, a mesma radiação que promove essa morte tumoral também provoca uma alteração na célula boa vizinha, podendo causar possíveis efeitos colaterais. Mas fique tranquilo, a radioterapia é planejada pela equipe de modo a preservar o tecido saudável ao máximo. Embora as células normais também possam ser atingidas e danificadas pela radioterapia, geralmente elas têm um forte poder de regeneração, o que não acontece com as cancerígenas. Portanto, nada se compara ao benefício da radioterapia para o seu tratamento.
Já quanto aos efeitos colaterais, varia muito a depender da dose utilizada e da área do corpo que está sendo tratada. Por exemplo, muitos pacientes meus não apresentam nenhum efeito colateral, seguem a vida normalmente. O que mais acontece são reações pontuais na pele por onde a radiação atravessa, o que eu sempre indico que coloque a pomada na geladeira para aliviar a sensação incômoda.
A radioterapia, inclusive, não causa queda de cabelo (ao contrário do que a maioria das pessoas pensam). A queda pode acontecer quando a região da cabeça está sendo tratada e, mesmo assim, vai depender da técnica e da dose utilizada. O indicado, portanto, é estar em contínuo contato com o seu médico para esclarecer os possíveis efeitos e o que pode ser feito para minimizá-los.
Lembrando que durante as aplicações de radioterapia, você não conseguirá ver a radiação e nem sentirá dor alguma. Então, pense na radioterapia como uma sessão de saúde, onde a cada ida ao médico você chega mais perto de estar curado. Com uma equipe médica competente e preparada, fé em Deus e seguindo as orientações a sua história será de sucesso. Confie!
Diretora Médica do Hospital de Câncer de MT, a Radio-Oncologista Dra. Manoela Regina Alves Corrêa Barros.
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