Por enquanto, somos um país jovem, com número de aposentados relativamente pequeno. Outras nações com semelhante perfil populacional têm despesas baixas com aposentadorias e pensões, ou até mesmo superávits em suas contas previdenciárias. Gastam em média 4% do PIB (Produto Interno Bruto). Já o Brasil despende 12% do PIB, sendo 8% com o chamado Regime Geral da Previdência Social (INSS) e 4% com os servidores públicos. E, em 2016, registrou um déficit de R$ 363 bilhões, se incluídas as despesas da Seguridade Social (além de previdência, saúde e assistência social).
O mais grave é que a nossa população está envelhecendo rapidamente: tem nascido menos gente, e as pessoas, felizmente, estão vivendo mais. Nesse passo, haverá menos trabalhadores na ativa contribuindo para que os mais velhos possam receber seus benefícios. Sem a reforma e considerando apenas o crescimento das despesas do INSS, os gastos vão pular de 8% para 17% do PIB até 2060.
Muito antes disso, porém, por força de emenda constitucional nº 95/2016, em vigor desde dezembro último, a qual tive a honra de relatar e que limita o aumento anual das despesas globais da União à correção da inflação no exercício anterior, a obrigação de cobrir o rombo cada vez maior da previdência, fatalmente, espremeria para fora do orçamento todos os demais gastos, inclusive os investimentos em saúde e educação. Isso significa o sequestro das oportunidades de uma vida melhor para as crianças e os jovens, em especial os filhos e filhas das famílias mais pobres, além de comprometer a capacidade de desenvolvimento da economia e de progresso para o conjunto da sociedade.
As aposentadorias especiais e o critério atual baseado no tempo de contribuição – e não em uma idade mínima – para o trabalhador se aposentar fazem com que a idade média de aposentadoria no Brasil seja uma das mais baixas do mundo (59,4 anos contra a média mundial: 64 anos). Se o Tesouro transfere mais dinheiro para equilibrar o caixa da Previdência Social, precisa aumentar os impostos e oferecer juros mais altos aos bancos para a rolagem da dívida pública. Resultado: menos recursos disponíveis ao consumo e aos investimentos produtivos, aqueles que geram emprego e renda.
A reforma visa manter constante a proporção do PIB destinada aos aposentados e pensionistas, de modo a reduzir essas distorções. E permitir ao Brasil investir mais e melhor em quem é jovem demais para votar. Ou ainda nem nasceu.
Darcísio Perondi (RS) Médico pediatra, deputado federal pelo PMDB/RS e vice-líder do Governo na Câmara Médico pediatra, deputado federal pelo PMDB/RS e vice-líder do Governo na Câmara
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