CST da Saúde Mental debate políticas públicas para casos de autismo

A Câmara Setorial Temática (CST) da Saúde Mental realizou reunião de trabalho na tarde de terça-feira (22), para debater o autismo em Mato Grosso, transtorno que atinge um a cada 36 pessoas no mundo.
Durante o encontro, a fonoaudióloga da Escola de Saúde Pública de Mato Grosso, Mariza Negishi, apresentou um proposta com números e gráficos que mostram as necessidades da população com o autismo, principalmente, crianças e adolescentes da Grande Cuiabá. Ela ressalta que faltam Centro de Atendimento Psicossocial (CAPs), enquanto que, as unidades básicas de saúde não conseguem atender a demanda de pacientes.
“Muitas famílias ficam perdidas devido ao fluxo de atendimento no SUS (Sistema Único de Saúde) em relação ao município de Cuiabá. Esse projeto tem o intuito de estruturar o fluxo e de apresentar ele à sociedade, conforme preconiza a lei municipal que fala da necessidade de publicidade de mostrar o caminho para atendimento de pessoas autistas no município. Precisamos de atendimentos qualificados e profissionais que possam trabalhar humanizados para essa população”, disse a fonoaudióloga.
A vereadora e mãe de autista, Maísa Leão, ressalta que, em Cuiabá, cerca de 1.400 alunos da rede municipal, tem autismo com laudo comprovado e há ainda mais de cinco mil crianças com suspeita de espectro de autismo. Ela confirmou que as unidades de saúde não possuem profissionais para atender esse público.
“Temos atualmente uma carência de tudo, desde o pronto atendimento até estrutura adequada para atender essas pessoas. Temos que criar políticas públicas para atendê-los. O autismo não vai desaparecer, mas sim, só crescer, por isso precisamos trata-lo com urgência”, falou ela.
“Problemas familiares ou o território que estão vivendo, contribuem também para um aumento dos transtornos. Hoje é muito importante que a gente faça políticas públicas da saúde mental e que as mesmas sejam cumpridas pelo estado, pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Os adolescentes precisam ter um acompanhamento com tratamento por médicos, psiquiátricos, psicólogos, assistencial, por meio do SUS”, aponta a juíza da infância e juventude, que coordena o Núcleo de Monitoramento Sócioeducativo para adolescentes em Mato Grosso, Neilamar Rodrigues. A juíza revela que muitos reeducandos nesta faixa etária tem problemas de saúde mental e usam entorpecentes.
O presidente da CST, deputado Carlos Avallone (PSDB) destaca que uma das propostas de ação da Câmara é identificar a fragilidade do sistema de saúde mental em Mato Grosso e construir uma agenda de fortalecimento na rede de atenção à saúde mental para todos no estado.
“Ao longo dos debates vamos convidar pessoas diretamente ligadas à área de saúde mental em Mato Grosso e também de outros estados, para debater os mais variados assuntos dentro da temática ”, destacou ele.
“Ás vezes a gente faz uma coisa pensando que vai ter uma repercussão de um determinado tamanho, mas não imagina que teria tanto interesse de diferentes órgãos. Realmente me impressionou o interesse positivo, e o que podemos fazer com esse grupo que está sendo formado sobre a saúde pública. Estou muito animado e empolgado para mostrar resultados extremamente positivos”, disse Avallone.
Ele afirmou que a CST busca alternativas de melhorias à saúde mental. “O Brasil lidera o ranking de casos de depressão e ansiedade na América Latina, com mais 23 milhões de padecentes, e ocupa o terceiro lugar de doenças mentais no mundo. Nossa visão é de um mundo que se valoriza, promova e proteja a saúde mental”, falou o deputado.
Mato Grosso - Dados de uma pesquisa realizada pela Secretaria de Estado de Saúde mostram que, em 2023, o distúrbio mental foi diagnosticado em 40 mil homens e 165 mil mulheres até 2020, no estado. Este número é 30% maior que o registrado em 2015, quando foi realizada a edição anterior do estudo, quando haviam sido diagnosticados o total de 157 mil pessoas, sendo 32 mil homens e 124 mil mulheres.
Assessoria/Caminho Político
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