A necessidade de um Plano Diretor eficiente para Cuiabá e sem interesses políticos

O Plano Diretor é uma ferramenta essencial para o desenvolvimento ordenado e sustentável de qualquer cidade. Em Cuiabá, cidade com crescimento acelerado e desafios urbanos complexos, um Plano Diretor bem elaborado se torna ainda mais imprescindível. No entanto, o que se observa atualmente é a necessidade urgente de uma revisão e aprimoramento desse instrumento, visando atender melhor às demandas da população e garantir um futuro mais equilibrado para a capital mato-grossense. O Plano Diretor deve ser, antes de tudo, um reflexo das necessidades e aspirações dos cidadãos e não estamos observando isso nesse novo processo que vem tramitando na Câmara de Vereadores da nossa capital. Ele deve orientar o crescimento urbano de forma a promover a inclusão social, a mobilidade urbana eficiente, a preservação ambiental e a qualidade de vida. Em Cuiabá, no entanto, o que se percebe é que muitas das diretrizes estabelecidas no atual Plano Diretor não dialogam com a realidade vivida pelos moradores e visam apenas a atender interesses de políticos.

Um dos principais problemas que deve ser observado está na expansão desordenada da cidade. Áreas que deveriam ser preservadas acabam sendo alvo de especulação imobiliária, sem que haja uma infraestrutura adequada para suportar novos empreendimentos. Isso gera uma série de problemas, como a sobrecarga dos sistemas de transporte e saneamento, além do aumento das desigualdades sociais, uma vez que a ocupação desordenada muitas vezes resulta em áreas carentes de serviços básicos.

Além disso, a mobilidade urbana é um dos maiores desafios enfrentados pela população cuiabana. O trânsito caótico, a falta de alternativas eficientes de transporte público e a ausência de ciclovias seguras são questões que precisam ser endereçadas de forma mais contundente pelo Plano Diretor. A cidade precisa de um planejamento que priorize o transporte coletivo, incentive o uso de modos de transporte sustentáveis e desestimule a dependência excessiva do automóvel.

Outro aspecto que deve ser melhor contemplado no Plano Diretor de Cuiabá é a preservação do meio ambiente. A cidade, localizada em uma região de transição entre o Cerrado e a Amazônia, possui uma biodiversidade única que precisa ser protegida. O crescimento urbano não pode continuar a ocorrer à custa da degradação ambiental. É necessário integrar ao Plano Diretor políticas que incentivem a construção sustentável, a preservação das áreas verdes e o manejo adequado dos recursos hídricos.

Por fim, o processo de elaboração e revisão do Plano Diretor deve ser mais participativo. A população cuiabana precisa ter voz ativa na definição dos rumos do desenvolvimento da cidade. Isso significa realizar mais audiências públicas de forma ampla e transparente, além de garantir que as propostas dos cidadãos sejam realmente consideradas na formulação das diretrizes urbanísticas.

Cuiabá, como capital de um estado em franco desenvolvimento, merece um Plano Diretor que esteja à altura de suas necessidades e potencialidades. Um planejamento urbano eficiente é fundamental para que a cidade cresça de forma ordenada, justa e sustentável, proporcionando qualidade de vida para todos os seus habitantes. É hora de repensar e aprimorar o Plano Diretor, colocando o cidadão no centro das decisões e construindo juntos uma Cuiabá mais inclusiva e preparada para o futuro. Diante disso, é fundamental pensarmos em representantes no legislativo municipal que realmente tenham essa preocupação e que busquem primeiramente atender aos anseios do cidadão cuiabano.

Jean Barros, Servidor público e advogado em Cuiabá