Com holofotes cada vez mais voltados para as agendas socioambiental e de governança (ESG) das empresas, renova-se a importância da busca por legitimidade e consistência nessa frente de atuação. Sabemos, pelo aprendizado dos últimos 20 anos, que esse estágio é construído de forma mais efetiva de dentro para fora, como fruto de uma transformação e de alinhamento entre objetivos, propósito e cultura. Empresas que buscam apenas retorno de imagem continuam sofrendo. São vistas como oportunistas, acabam desacreditadas e marcadas como greenwashers. Já aquelas que investem pesado em ESG, mas tratam o tema como algo à parte dos negócios conquistam algum reconhecimento, mas carecem de suporte social. Em geral se ressentem por acharem que mereciam maior reconhecimento pelos esforços realizados.
Embora sejam jornadas complexas e únicas, podemos identificar alguns elementos comuns às abordagens das organizações que têm conseguido criar e sustentar agendas legítimas e orientadas a impacto duradouro — temos bons exemplos no mercado, como Natura e Magalu. Seus líderes, incluindo os CEOs, dedicam tempo e atenção ao tema, não apenas recursos. Entenderam como seus negócios interagem com a sociedade e buscam iniciativas que fazem parte da sua natureza ou são adjacentes às suas operações. Uma empresa que explora recursos naturais terá muito maior impacto com uma agenda que privilegie o “E” (ambiente), enquanto um varejista tende a ter maior força no “S” (social).
Essas empresas que se destacam enxergam a sustentabilidade como parte indivisível dos negócios. Definir se “isso é negócio ou ESG?” torna-se totalmente irrelevante. A geração de valor evolui junto com o desenvolvimento socioambiental e da governança. ESG legítimo não se compra nem se fabrica. Ele brota de uma visão integrada de negócios, que precisa de tempo, paciência e humildade para florescer. Suas bases são investimento relevante, incluindo tempo executivo, e uma ênfase em áreas em que se tem impacto natural, pensando em uma evolução sistêmica, não em reconhecimento.
Por fim, conquistado o estágio de propriedade sobre a agenda ESG, resta a questão da comunicação. Em ESG, sobretudo, não se trata de mera emissão de mensagens. É um processo, em se torna fundamental ouvir, testar, trabalhar e ter paciência. O discurso deve ser natural, baseado nos resultados e no que é verdadeiro, sincero. O reconhecimento será mera consequência de um trabalho sério, ético e transformador.
Eduardo Parente, CEO da Yduqs, grupo educacional do qual a Estácio faz parte.
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