77 ANOS DE TRADIÇÃO E FÉ: Tradicional Festa de São Sebastião terá cardápio gratuito e começa nesta sexta

Serão 4 dias de programação, com direito a chá com bolo, almoço, jantar, apresentação de Cururueiros, Siriri, e bailão com Lambadão, Rasqueado e Pagode, no bairro Parque Ohara. Fim de semana tem 77 anos de tradição e muita fé, no bairro Parque Ohara, em Cuiabá, com a grandiosa Festa de São Sebastião e Nossa Senhora Aparecida, nos dias 19, 20, 21 e 22 de janeiro, em Cuiabá! Começa nesta sexta-feira, com um grande encontro de cururueiros de Santo Antônio do Leverger, Várzea Grande e de Cuiabá, o tradicional jantar, servido gratuitamente, e segue com o Levantamento de Mastro, procissão e Reza Cantada até o amanhecer.
Dona Matilde e o esposo Daniel Silva, do grupo Flor do Campo, convidam a população cuiabana para o evento, que terá o cardápio servido gratuito todos os dias, além de muito Lambadão, Rasqueado, Siriri e Pagode, ao vivo.
A Associação Flor do Campo é um grupo familiar, comandado por dona Matilde, composto por 12 pares para o Siriri, cinco tocadores e cinco mulheres no backing vocal, que há 41 anos dançam, cantam e tocam, fazendo a batida da saia, o gingado do corpo e o pisado tradicional apoteótico!
“A raiz não pode ser deixada de lado para se fazer o bom Siriri!” Esse é o lema do Flor do Campo, cuja identidade é a dança, com fé e devoção, principalmente a São Sebastião, que é o grande motivo da festa.
A HISTÓRIA DA FESTA
“Meu sogro que começou essa festa. Ele teve a doença chamada ‘fogo selvagem’ e foi para Campo Grande (MS) enrolado em folhas de bananeira, muito mal. Um dia ele se sentou embaixo de uma árvore, atrás do hospital, e disse: - Oh, meu São Sebastião, se vós me curar eu vou trocar de santo e fazer uma festa todo ano à São Sebastião. Não foi nem 15 dias e ele se curou. Ficou com o corpo limpo e nem parecia que ele tinha tido a doença”, conta dona Matilde.
E assim começou a festa, há 77 anos, no bairro São Francisco, no “Quebra Pote”, onde foi realizada por muitos anos. Já no leito de morte de Narciso Sampaio reuniu os filhos e pediu que todos dessem continuidade, pois era o santo padroeiro da família deles.
Quem deu continuidade após a morte do sogro foi o pai de Matilde, o senhor Leocardio da Silva, por 20 anos. “Aí meu pai faleceu e ficou eu e o meu marido fazendo essa festa”. Isso já tem uns 21 anos no comando do casal Silva.
Fizeram por cinco anos fora do quintal, até decidirem fazer no próprio espaço, em casa, onde também é sede do Flor do Campo, com a cozinha no fundo dela.
São Sebastião é o padroeiro do grupo Flor do Campo e Nossa Senhora Aparecida, do Flor do Jardim, que é o grupo de Siriri infantil da família. Por isso, o nome dos dois na festa.
A 77ª edição da Festa de São Sebastião e Nossa Senhora Aparecida faz parte do projeto Tradição e Fé, com realização do Instituto INCA-Inclusão, Cidadania e Ação, patrocínio da Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer (Secel-MT), por meio de emenda parlamentar impositiva do deputado Wilson Santos, e apoio da Assembleia Legislativa de Mato Grosso.
O GRUPO FLOR DO CAMPO
A associação Cultural Flor do Campo, é uma entidade civil, com natureza associativa sem fins lucrativos que atua no segmento da cultura popular, há 41 anos, tornando-se um dos Grupos mais tradicionais de Cuiabá.
Fundado por dona Matilde, legítima cuiabana, de 68 anos (05 de março de 1955), que aprendeu a dançar o Siriri desde criança. O Flor do Campo nasceu em um dos lugares mais tradicionais de Cuiabá: a Ponte do Coxipó que foi palco nascedouro, cujos pais, irmã e os amigos Luiz Marques, dona Domingas, Antônia e seu Candi, mestres da cultura popular incentivaram a criação do grupo, na década de 80.
Por sugestão de seu Luiz Marques e por morarem mais afastados da cidade, o grupo recebeu o nome de Flor do Campo, que foi acatado por dona Matilde e sua gente, em 1982, e fundado oficialmente em 08 de março 1886.
Sua liderança feminina, negra e ancestral, mantém o grupo vivo e lutando pela tradição raiz, com a dança, a confecção do trançado afro, passada por gerações, e agora o samba pela filha Dany Silva, com o grupo de Pagode Silva.
"O Siriri mexe com a gente, é no batuque do tambor que dá movimento, isso é ancestral, por isso precisamos manter, porque é tão difícil continuar a lutar pela tradição", ressalta Matilde.
Após o quintal de dona Matilde ter sido inventariado como um dos 10 quintais que salvaguardam a cultura popular cuiabana, no projeto Quintais da Cultura Popular Cuiabana (feito durante a pandemia), também foi sinalizado pelo Instituto INCA como uma comunidade quilombola urbana, em Cuiabá, por meio das ações do projeto Ponto de Cultura INCA. Eles tiveram mentoria para que o grupo chegasse a esse entendimento, com a ideia de fortalecer o grupo e mudar a realidade de sua situação social, em Educação e Renda, e fazer avançar em seus sonhos, além da cultura popular regional que já conhecem e sabem fazer.
Para isso contou com consultorias em Comunicação nas Redes Sociais, Jurídica, Educação financeira e de autossustentabilidade e salvaguardar desses grupos, com modelos de negócios viáveis aos gestores dos quintais, por meio da metodologia Canvas, com um profissional da Bahia, o arquiteto e urbanista baiano, Éraldi Peterson, que atua em comunidades que deram resultado, em seu Estado.
O Grupo já se apresentou em diversas cidades de Mato Grosso e outros Estados do Brasil: nos municípios de Cuiabá, Tápurah, Jaciara, Nobres, Rosário Oeste, Juara, Primavera do Leste, Nova Mutum, Juscimeira, Barra do Garças Barra do Bugres; e fora: Olímpia (SP), Terezina (PI), Brasília (DF), Londrina (PR) e, recentemente, em Salvador (BA).
PROGRAMAÇÃO DA FESTA
Na sexta-feira (19), a programação começa às 20h, com o Cururu, em um grande encontro de cururueiros vindo de Santo Antônio do Leverger, Várzea Grande e de Cuiabá, e segue com o tradicional jantar, servido gratuitamente. Após, continua com o Levantamento de Mastro, que terá uma pequena procissão que sai do Altar da Festa, com os cururueiros cantando e fazendo trovas e versos ritmados, até o final da Travessa Tapirapés, esquina com a Rua dos Pardais, no Parque Ohara, na região do Coxipó, em Cuiabá. Então, retornam ao Altar, onde acontece a Reza Cantada e os cururueiros seguem até o amanhecer, revezando entre eles, de 25 a 30.
No sábado (20), a Missa começa às 8h, e segue com o Chá Com Bolo, às 9h30, também servido gratuitamente. E à noite acontece o grande Bailão, com as bandas Os Federais, Real Som, Embalo Sim e Mega Som, a partir das 22h.
No Domingo (21), às 10h, terá apresentação de Siriri, almoço gratuito, às 11h, seguido com o Pagode Silva, a partir do meio-dia, e às 14h já começa o Bailão.
Segunda-feira (22), bem cedo, terá a descida do Mastro, e meio-dia a tradicional Feijoada do Grupo Flor do Campo, servido gratuitamente. E continua com o Grupo Pagode Silva e Lambadão.
Beatriz Saturnino/Caminho Político
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