COP: Chefe da ONU faz apelo pelo fim de combustíveis fósseis

António Guterres afirma que acordo sobre o tema seria central para o sucesso da Conferência do Clima em Dubai. Países estão divididos sobre "eliminar" ou "reduzir" o consumo de fontes fósseis. O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse nesta segunda-feira (11/12) que o sucesso da Conferência do Clima em Dubai, a COP28, depende de se chegar a um acordo sobre o fim dos combustíveis fósseis – mesmo que isso ocorra em velocidades diferentes, de acordo com o país.
"A COP abrange muitos aspectos, mas um aspecto central do sucesso, na minha opinião, será chegar a um consenso sobre a necessidade de eliminar gradualmente os combustíveis fósseis de acordo com o limite de 1,5 grau. Isso não significa que todos os países tenham que fazer isso ao mesmo tempo", comentou Guterres durante entrevista coletiva.
Faltando cerca de 24 horas para o encerramento oficial da COP28, "ainda há algumas lacunas a serem preenchidas", lamentou o secretário-geral, que afirmou aos negociadores que "estamos em uma corrida contra o tempo" para se encontrar um consenso e que agora é o momento de mostrar "ambição máxima e flexibilidade máxima".
"Os ministros e negociadores devem ir além das linhas vermelhas arbitrárias, das posições arraigadas e das táticas de bloqueio" para chegarem a um acordo sobre soluções sem comprometer a ciência, acrescentou.
"Em nosso mundo dividido, a COP28 pode mostrar que o multilateralismo ainda é o melhor que temos para enfrentar os desafios globais", opinou o chefe da ONU, que insistiu em pedir às partes "ambição para reduzir as emissões", assim como para alcançar "justiça climática".
"Devemos oferecer um plano claro para triplicar a energia renovável, dobrar a eficiência energética e focar no combate à causa raiz da crise climática: a produção e o consumo de combustíveis fósseis", uma transformação que, é claro, "não acontecerá da noite para o dia", enfatizou.
"Metas distintas para nações em níveis diferentes"
Guterres destacou que as necessidades dos países em desenvolvimento que dependem muito da produção de combustíveis fósseis também devem ser atendidas e que a transição deve levar em conta "o princípio das responsabilidades comuns, porém diferenciadas, e as respectivas capacidades de acordo com as circunstâncias nacionais".
"Os cronogramas e as metas podem ser diferentes para países em diferentes níveis de desenvolvimento, mas todos devem ser consistentes com a realização da meta global de emissões líquidas zero até 2050 e a preservação da meta de 1,5 grau", analisou."Eliminação" versus "redução" de fontes fósseis
Um debate que pesa sobre as negociações envolve a disputa entre os defensores de uma "eliminação gradual" do petróleo, do gás e do carvão – responsáveis por mais de dois terços das emissões de gases de efeito de estufa – e os apoiadores de uma "redução gradual" do consumo dessa energia, que tem sido o motor do crescimento global desde o início do século 20.
"Não temos um minuto a perder nesta reta final crucial", disse anteriormente Simon Stiell, chefe da agência climática da ONU, acrescentando que deve haver "ambição máxima possível".
As negociações são presididas pelo sultão dos Emirados Árabes Unidos Al-Jaber, chefe da companhia petrolífera nacional do seu país. A escolha para o cargo gerou controvérsia, embora ele insista que está ouvindo todas as partes e se empenhando por um "acordo histórico".
A COP28 já considerou até três versões preliminares do acordo, e as diferenças sobre o vocabulário dos combustíveis fósseis poderiam ser resolvidas através de uma combinação de linguagem, juntamente com compromissos sobre energias renováveis ​​ou financiamento em outras áreas.
Potências petrolíferas se opõem à descarbonização
Para uma "supermaioria de países", nas palavras do comissário europeu para a Ação Climática, Wopke Hoekstra, o caminho para a descarbonização é claro.
Mas a Arábia Saudita e o Iraque, duas grandes potências petrolíferas, mostraram publicamente a sua oposição a uma "eliminação" na última grande reunião plenária no domingo. Eles argumentam que nada indica para uma necessidade de que o petróleo, o gás ou o carvão devam ser completamente abandonados para atingir o objetivo de limitar o aquecimento global a 1,5 ºC acima da era pré-industrial.
Os climatologistas insistem que as emissões de gases com efeito de estufa não estão diminuindo e, portanto, devem ser tomadas medidas drásticas o mais rapidamente possível. O objetivo partilhado pelas quase 200 nações presentes no Dubai é alcançar a neutralidade de carbono até 2050.
md/bl (EFE, AFP)Caminho político
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