Após pandemia, partos prematuros começam a cair em MT

Equipe capacitada e multidisplicinar, além da presença da família, faz diferença na recuperação de recém-nascidos prematuros.
Mato Grosso registrou, por cinco anos consecutivos, o aumento progressivo de partos prematuros, isto é, aqueles que ocorrem antes da 37ª semana da gestação. Em 2023, o cenário pode apresentar uma leve alteração. Até novembro, o estado contabilizava 5.995 partos prematuros, uma média de 545 por mês, segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MT). No ano passado, a cada 30 dias houve em média 601 partos prematuros. Confirmando-se a tendência, será uma redução de 10,2% no ano.
A médica e coordenadora da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) neonatal do Hospital Santa Rosa, Paula Bumlai, explica que a pandemia de Covid-19 mudou o hábito das gestantes. O acesso ao tratamento pré-natal ficou mais difícil, em especial entre as grávidas de baixa renda. Segundo a médica, a queda nas consultas foi fundamental para que os números subissem. “O tratamento pré-natal bem feito, com o controle das doenças maternas, é imprescindível para reduzir o risco de parto prematuro”, afirmou. Pelos dados oficiais da SES-MT, a tendência é que Mato Grosso retorne a patamares mais próximos aos do período pré-pandemia. Em 2019, foram 6.125 partos prematuros ao longo do ano. Caso a média de 2023 se mantenha, o estado tende a fechar o ano com cerca de 6.500 registros.
Fatores de risco. Idade e comorbidades da mãe continuam sendo os principais fatores de risco para a prematuridade. Dentre os principais aspectos que influenciam a chegada “antecipada” do bebê, a médica Paula Bumlai cita diabetes, pressão alta, problemas da tireoide e doenças reumatológicas. As gravidezes de gêmeos, fertilizações in vitro e a idade da mãe, se muito nova ou muito velha, também merecem atenção.
Graças ao acesso a um pré-natal de qualidade, a assistente de gerente de farmácia, Daphini Luísa, pôde acompanhar de perto a condição que fez com que Gabriel nascesse após 31 semanas de gestação. Na segunda gravidez, ela apresentou pré-eclâmpsia, uma complicação da gestação que faz com que a pressão arterial suba. Daphini também foi diagnosticada com Síndrome de Hellp, uma complicação grave da gravidez caracterizada pela destruição prematura das hemácias, elevação de enzimas hepáticas e baixa contagem de plaquetas.
“Desde o início, nós sabíamos que a gravidez ia terminar antes do tempo. Na 20ª semana [de gestação] eu já passei a fazer mais exames de ultrassom e mais consultas de acompanhamento. Tive o bebê com 31 semanas, pesando 1,090 kg”, conta. Foram 78 dias de internação e angústia. Para Daphini, poder contar com uma equipe que dava segurança à família foi essencial.
“O atendimento que a gente teve na UTI neonatal foi maravilhoso, todo mundo sempre disposto a ajudar, uma equipe bem preparada, sempre te dando apoio. Um atendimento que faz a diferença para nós, mães, que estamos passando por essa situação. É valioso saber que seu bebê vai estar seguro, sempre vai ter alguém observando. É um atendimento diferenciado”, relembra.
Multidisciplinaridade. Na UTI neonatal, o paciente prematuro recebe não só a atenção dos médicos, mas o trabalho de uma equipe multidisciplinar. Durante o tratamento, as necessidades de nutrição, ventilação mecânica, fisioterapia e medicamentos são adequadas para que cada bebê consiga completar o desenvolvimento fora do útero e ir para casa. “A equipe capacitada diminui danos e sequelas associados ao crescimento e ao desenvolvimento desse bebê fora do útero”, explica Bumlai.
Segundo a médica, além de uma equipe multidisciplinar capacitada, o intercâmbio humanizado entre os profissionais da UTI neonatal e a família do paciente é indispensável para que o bebê possa ir para casa bem e em segurança. “A presença da família é fundamental desde as decisões terapêuticas junto à equipe de saúde até o contato pele a pele, para que o bebê sinta e ouça a presença do pai, da mãe, das pessoas com quem ele conviveu durante a gestação”, afirma a médica.
Essa presença física pode contribuir e muito para o tratamento, observa Paula. “O colo precoce e o contato com o leite materno são fundamentais. Ali, dentro da UTI, essa mãe vai se sentir sensibilizada e estimulada a produzir leite prematuro também. A gente trabalha isso na beira do leito para estimular a produção de leite, o melhor alimento, com tudo de mais completo e adequado para o bebê, que estará com digestão prematura, possa ocorrer”, comenta a coordenadora da UTI neonatal no HSR.
Deu certo! Um ano e sete meses depois de batalhar pela vida sob os cuidados dos pais e da equipe do Hospital Santa Rosa, Gabriel se tornou uma criança que, nas palavras da mãe, “vale ouro”. “Hoje ele está lindo. Tem um ano e sete meses, é super ativo e super inteligente”, celebra Daphini.
LEGENDA FOTO1: Gabriel Haeberlin recém-nascido e após um ano e sete meses.
LEGENDA FOTO2: Paula Bumlai é pediatra e coordenadora da UTI neonatal no Hospital Santa Rosa.
Assessoria/Caminho político
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