Soja convencional brasileira pode ser opção dos japoneses na alimentação

A alimentação no Japão é conhecida por ser saudável, equilibrada e diversificada. A culinária japonesa é rica em sabores, texturas e ingredientes frescos. Entre arroz, peixes, frutos do mar, vegetais, carnes de suíno e frango, há o consumo da soja. Tofu (queijo de soja), natto (soja fermentada), miso (massa de soja), shoyu (molho de soja) são ingredientes fundamentais no dia a dia da alimentação japonesa.
A jornalista cuiabana Dayanni Ida mora na cidade de Igashi desde o início do ano com o marido e seus três filhos. Há seis meses, a família tem vivido a adaptação a um país diferente, inclusive com muitas novidades na alimentação.
“Tem muita diferença na alimentação. Mas, ao contrário do que as pessoas imaginam, a culinária não se resume a peixe cru e arroz. Tem muitas opções e acesso a alimentos de diferentes partes do mundo”, conta Dayanni.
Em uma ida ao supermercado, ela encontra produtos à base de soja como leites, óleos e iogurtes. “Os japoneses usam muito a soja em grãos para o consumo em lamens e saladas. No supermercado, tem até a própria semente congelada para estes preparos”, diz a jornalista.
Para suprir a demanda de soja convencional no país, o Japão procura parceiros para a produção da leguminosa que servirá para a alimentação humana de cerca de 127 milhões de pessoas. De acordo com Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA), o Japão importou, em 2022, 3,5 mil toneladas de soja, sendo 70% proveniente dos Estados Unidos e apenas 17% do Brasil.
O consumo de soja convencional, para alimentação humana, é de 1 milhão de toneladas, sendo que 780 mil toneladas são importadas. A soja livre de transgênicos é utilizada na fabricação de tofu (50% do volume), natto (20% do volume) e miso (12% do volume), entre outros produtos.
Representantes de instituições, como a JICA e o Instituto Soja Livre, e governos brasileiro e japonês vêm conversando para alinhar um projeto de cooperação técnica. Isso pode fornecer até 40 milhões de hectares de área para produção de soja no Brasil com recuperação de pastagens degradadas no Cerrado em 10 anos.
“Desde os anos 1970 há colaboração entre Brasil e Japão para o desenvolvimento do Cerrado. E, atualmente, são poucos os países que têm a capacidade de aumentar a produção agrícola sem desmatamento e respeito ao meio ambiente como o Brasil”, afirma Issei Aoki, representante sênior da JICA.
O produto deve ter algumas características para agradar o paladar dos japoneses: sabor, teor de proteína e, claro, o preço da commodity para importação. “Estamos procurando também a diversificação da nossa fonte de importação, que são os Estados Unidos, mas necessitamos da estabilidade no fornecimento do produto. Reconhecemos que há gargalos que precisam ser sanados, como logística, segregação e prêmios ao produtor, e podemos conversar para chegar a um ponto comum”, informa Aoki.
Para além da vontade do produtor rural brasileiro de cultivar a soja convencional para o consumidor japonês, é preciso investimento em variedades que atendam às necessidades. “Os japoneses procuram sojas especiais, com ausência de lipoxigenase, enzima que pode afetar o sabor e qualidade, e com alto teor de proteína”, explica dr. José Ubirajara, pesquisador da Embrapa Soja.
Segundo ele, a empresa teve algumas cultivares, como a BRS 216, para produção de broto e tofu, e BRS 257, com ausência de lipoxigenase, adaptadas para a região Centro-Sul do Brasil. A BRS 267, para a produção do edamame (soja jovem e ainda verde, cujas as vagens são bastante consumidas na Ásia), já foi cultivada no Cerrado brasileiro.
“O ideal é que haja o desenvolvimento de outras cultivares para Mato Grosso e região. Entretanto, um programa de melhoramento é de médio a longo prazo, ou seja, um lançamento de cultivar pode demorar até 10 anos para chegar ao mercado”, explica o pesquisador.
O Instituto Soja Livre considera importante a demanda japonesa, bem como a oportunidade de desenvolvimento deste mercado ainda mais específico. “Vamos colher bons frutos a partir dessa parceria, pois podemos contribuir com todo o nosso know-how da soja não transgênica, desde o melhoramento genético, produção, processamento e logística.”, afirmou Cesar Borges, presidente do Instituto Soja Livre. Mais informações www.sojalivre.com.br e Soja Livre
Assessoria/Caminho político
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