Endometriose, uma das causas da infertilidade feminina

A endometriose é uma doença crônica benigna, mas progressiva. Bastante comum, ela atinge 15% das mulheres em idade reprodutiva. Entre seus sintomas mais frequentes, destacam-se fortes dores pélvicas, fluxos menstruais intensos e infertilidade, podendo ser assintomática. Estima-se que 30 a 50% das mulheres com endometriose sejam inférteis. Nem todas as mulheres diagnosticadas com a doença têm dificuldade para engravidar. Abordamos este importante tema em adesão à campanha Mês Mundial de Conscientização sobre a Infertilidade. Um dos fatores que tornam a endometriose mais preocupante para os médicos e pacientes é a demora do diagnóstico. É comum que mesmo em pacientes com sinais da doença, ela só seja confirmada em sete anos, segundo a média.
A dificuldade para engravidar, geralmente, decorre de alterações nos órgãos reprodutivos (útero, ovários e trompas). Essas levam a bloqueios que dificultam a chegada dos espermatozoides ao óvulo ou impedem a implantação do embrião no útero.
Para a mulher com endometriose, alguns fatores elevam, ainda mais, o risco de ter infertilidade. Um deles é a distorção da anatomia pélvica, pois as aderências pélvicas e/ou tubárias prejudicam a liberação dos óvulos. Existem, também, os distúrbios endócrinos e ovulatórios, os quais prejudicam a receptividade endometrial e a implantação embrionária.
O fator imunológico é de suma importância, pois ao reconhecer o endométrio fora do local de origem como um tecido estranho, o sistema imunológico começa a combatê-lo e inicia um processo inflamatório que diminui bastante as chances de implantação do embrião.
É importante ressaltar que endometriose não é sinônimo de infertilidade, embora tais condições estejam relacionadas. Portanto, é indispensável analisar cada caso separadamente.
Os métodos terapêuticos precisam ser ajustados conforme a gravidade da doenças e a vontade de engravidar.
Devido ser considerada uma doença grave do sistema reprodutivo feminino, mulheres com endometriose que engravidam devem fazer um acompanhamento pré-natal rigoroso.
Dessa forma, apesar da endometriose causar infertilidade e ser a principal doença associada à dificuldade de engravidar, existem tratamentos para amenizar os sintomas da doença e também visando proporcionar à mulher chances de engravidar e gerar um filho.
A reprodução assistida é a principal opção de tratamento para a infertilidade causada pela endometriose, e a escolha da técnica varia de acordo com o tipo e a severidade da doença.
A fertilização in vitro (FIV) remove gametas e embriões do ambiente peritoneal hostil e constitui opção em casos de distorção da anatomia pélvica, se tratamentos anteriores falharam ou se houver outros fatores de infertilidade associados, mas apresenta custo elevado. A decisão terapêutica deve ser individualizada compartilhada com a paciente. Ela deve ser bem esclarecida sobre os benefícios e os riscos potenciais, inclusive quantitativos, assim como sobre os custos dos tratamentos, sejam cirúrgicos, sejam dos programas de fertilização assistida, para então poder opinar conforme sua realidade e projeto de vida.
Giovana Fortunato é ginecologista e obstetra, docente do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia do HUJM e especialista em endometriose e infertilidade no Instituto Eladium.

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