"A Flor do Buriti" reconstitui as últimas oito décadas do povo Krahô, do norte do Tocantins, e ganhou prêmio de melhor equipe na mostra "Um Certo Olhar". Palma de Ouro foi para "Anatomy of a Fall", de Justine Triet. O filme A Flor do Buriti, dirigido pela brasileira Renée Nader Messora e pelo português João Salaviza, foi premiado na mostra paralela "Um Certo Olhar" do Festival de Cinema de Cannes.
A obra ganhou o prêmio de melhor equipe, distinguindo os realizadores e o povo Krahô, do norte do Tocantins, que protagoniza o filme.
Os dois diretores já haviam sido premiados em Cannes em 2018, com o filme Chuva É Cantoria na Aldeia dos Mortos, também rodado em aldeias dos Krahô, que faturou o prêmio especial do júri em Cannes e comoveu o público ao denunciar o genocídio indígena.
A Flor do Buriti foi rodado ao longo de 15 meses em quatro aldeias Krahô diferentes. Por meio dos depoimentos dos indígenas, eles reconstituem as últimas oito décadas — do massacre sofrido pelo povo Krahô em 1940 às dificuldades atuais, passando pelo período da ditadura militar.
Resistência indígena
Em nota, os realizadores do filme lembraram que, "em 1969, durante a ditadura militar, o Estado brasileiro incita muitos dos sobreviventes a integrarem uma unidade militar. Hoje, diante de velhas e novas ameaças, os Krahô seguem caminhando sobre a sua 'terra sangrada', reinventando diariamente as infinitas formas de resistências".
Para o Festival de Cannes, o filme presta um "extraordinário tributo à capacidade de resiliência daquele povo indígena e à luta pela liberdade", enquanto o jornal francês Le Monde destacou a "grande magia poética" da obra.
O nome do filme faz referência à flor do buriti, um tipo de palmeira selvagem que cresce no Brasil e encontrada no meio da comunidade Krahô.
Na estreia mundial do filme em Cannes, indígenas brasileiros e membros da equipe do filme manifestaram-se, no tapete vermelho, pelo direito à terra dos povos nativos do Brasil.
Outros premiados
O longa brasileiro Levante, da diretora Lillah Halla, recebeu o prêmio FIPRESCI, também denominado Prêmio da Crítica Internacional, como melhor obra das seções paralelas do Festival de Cannes. A obra mostra o dilema de uma jovem jogadora de vôlei que vê sua carreira ameaçada por uma gravidez não desejada e precisa buscar meios clandestinos em um país onde a prática ainda é crime, o que a torna alvo das pressões de uma sociedade cada vez mais conservadora.
Os jurados decidiram premiar o longa brasileiro porque "através de uma interpretação brilhante, uma montagem dinâmica, uma música atraente e uma narração emocionante" demonstra que "o direito ao aborto é um direito humano".
O prêmio principal da mostra "Um Outro Olhar" foi para How to Have Sex, da diretora baseada em Londres Molly Manning Walker.
A cerimônia de encerramento foi realizada neste sábado (27/03), e a Palma de Ouro foi para o filme Anatomy of a Fall, da francesa Justine Triet, a terceira diretora mulher a ganhar a principal premiação do festival. O filme tem como atriz principal a alemã Sandra Hüller, que representa uma escritora que tenta provar sua inocência após ser acusada de matar seu marido.
Na categoria de melhor atriz, Merve Dizdar, da Turquia, foi premiada pela atuação no filme About Dry Grasses, de Nuri Bilge Ceylan. O prêmio de melhor ator foi para o japonês Koji Yakusho por Perfect Days, filme do diretor alemão Wim Wenders sobre a história de um limpador de banheiros de Tóquio.
bl (Lusa, AP)Caminho Político
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