Ales Bialiatski e outros três ativistas foram acusados de financiar protestos contra o regime aliado de Moscou. Veredito gera onda de reações e é considerado fraudulento por entidades internacionais. Um dos principais ativistas em prol dos direitos humanos em Belarus, agraciado com o Prêmio Nobel da Paz de 2022, foi condenado nesta sexta-feira (03/03) a dez anos de prisão, na mais recente ação do governo bielorrusso para calar dissidentes. A pena imposta a Ales Bialiatski e três de seus colegas seria mais uma reação do governo à onda de protestos em massa ocorridos no país após a divulgação do resultado eleições de 2020, que garantiu mais um mandato ao presidente Alexander Lukashenko. A votação é considerada fraudulenta e não foi reconhecia pelos países do Ocidente.
Lukashenko, aliado de longa data do presidente russo, Vladimir Putin, e um dos maiores apoiadores da invasão russa na Ucrânia, governa a ex-república soviética desde 1994. Mais de 35 mil pessoas foram presas em associação aos protestos de 2020, os maiores já ocorridos no país, sendo que milhares sofreram agressões da polícia.
Bialiatski, de 60 anos, e seus colegas do Centro de Direitos Humanos Viasna ("primavera", no idioma bielorrusso) foram condenados por supostamente financiarem ações que violariam a ordem pública e por contrabando, informou a instituição.
Os ativistas Valiantsin Stefanovich e Uladzimir Labkovicz receberam penas de sete anos de prisão e Dzmitry Salauyou, julgado à revelia, foi condenado a oito anos.
Durante o julgamento, realizado a portas fechadas, os acusados foram mantidos atrás de grades. Eles já estão presos há um ano e nove meses. O Centro Viasna informou que todos se declararam inocentes.
Em sua declaração final ao tribunal, Bialiatski pediu o fim do que chamou de "guerra civil" em Belarus. Ele disse que está claro para ele que "os investigadores cumprem as tarefas que lhes são dadas: remover a liberdade dos ativistas de direitos humanos do Centro Viasna a qualquer custo, destruir o Viasna e impedir nosso trabalho".
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Onda de repúdio ao veredito
A líder oposicionista Svetlana Tikhanovskaya, que vive atualmente no exílio, classificou como "aterrador" o veredicto. "Precisamos fazer de tudo para lutar contra essa injustiça vergonhosa e libertá-los", afirmou, em postagem no Twitter.
A entidade russa de direitos humanos Memorial, que dividiu o Nobel da Paz de 2022 com Bialiatski e com o Centro para Liberdade Civis da Ucrânia, afirmou em nota que o veredito é uma "repressão ilegal sem disfarces por suas atividades em prol dos direitos humanos, como parte de uma campanha de terror contra a sociedade civil e toda a população de Belarus".
Assessoria/Caminho Político
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