Juíza declarou prisão preventiva de Fernando Montiel e Brenda Uliarte e condenou cada um a pagar 100 milhões de pesos. Eles são acusados de tentar matar a vice-presidente argentina de maneira premeditada. O brasileiro Fernando Sabag Montiel, de 35 anos, e a namorada dele, a argentina Brenda Uliarte, de 23 anos, foram acusados nesta quinta-feira (15/09) pela tentativa de homicídio da vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, ocorrida há duas semanas. A juíza María Eugenia Capuchetti também decretou a prisão preventiva do casal – ambos já estavam presos – e o pagamento, por cada um deles, de 100 milhões de pesos (cerca de R$ 3,6 milhões).
O atentado aconteceu no dia 1º de setembro, em frente à casa de Cristina, no bairro Recoleta, em Buenos Aires, enquanto uma multidão demonstrava apoio à vice-presidente, investigada por suspeita de corrupção. Montiel disparou duas vezes contra a cabeça de Cristina, mas a arma falhou.
Segundo a juíza, Montiel "é acusado de ter tentado matar, de maneira premeditada, Cristina Elisabet Fernández de Kirchner, contando com o planejamento e apoio prévio de Uliarte e de Agustina Mariel Díaz", a terceira pessoa detida no caso.
A juíza considerou Montiel "coautor criminalmente responsável pelo crime de homicídio qualificado, agravado pelo uso de arma de fogo, traição e premeditação de outras duas ou mais pessoas, até o grau de tentativa". A juíza ainda não decidiu sobre cusações contra Agustina Díaz e Gabriel Nicolás Carrizo, quarta pessoa presa por envolvimento no caso,quarta pessoa presa por envolvimento no caso.
Augustina Díaz sabia do plano
Para a Justiça, o plano de assassinato de Cristina Kirchner começou em 22 de abril, "data em que Brenda Uliarte teria adquirido a pistola semiautomática de ação simples, calibre 32 auto, marca Bersa, modelo Lusber 84, com o número 25037 no lado esquerdo do barril, usado mais tarde para cometer o ato sob investigação".
De acordo com uma conversa publicada pelo jornal argentino Clarín, Augustina Díaz estava ciente dos planos do casal.
"Enviei um cara para matar Cristi (sic)", disse Uliarte a Díaz em mensagem na noite de 27 de agosto, segundo o periódico. A conversa se referia a uma primeira tentativa de ataque a Kirchner, cinco dias antes dos disparos feitos por Montiel.
Em outra conversa, dois meses antes do ataque fracassado, Uliarte disse a Díaz: "Estou me organizando para fazer uma bagunça na Casa Rosada [sede do governo da Argentina] com coquetéis molotov e tudo".
Uliarte também teria dito em mensagens, segundo os jornais Clarín e La Nación, que "para limpar a Argentina é preciso derramar sangue". No final de agosto, o casal teria começado a procurar apartamentos, na esperança de encontrar um perto da residência da vice-presidente argentina.
"Se [o ataque] for realizado, vou me mudar para outro país e até mudar minha identidade", diz outra mensagem de Uliarte.
Segundo a Folha de S.Paulo, em depoimento à polícia, Díaz confirmou a veracidade das mensagens que apontam para a possibilidade de Uliarte ter sido a mandante do crime. Contudo, os advogados de Díaz asseguram que a cliente não levava Uliarte a sério, que a considerava "manipuladora" e que soube do ataque pela imprensa.
A juíza do caso, María Eugenia Capuchetti, colocou a investigação sob sigilo e aceitou a inclusão da vice-presidente como parte no processo.
Montiel seguia perfis radicais
De acordo com o jornal La Nación, Montiel seguia diversos perfis ligados a grupos radicais e de ódio, assim como páginas de "ordens maçônicas", de "comunismo satânico" e de ciências ocultas. As redes sociais do brasileiro foram deletadas durante a madrugada posterior ao ataque a Kirchner.
A Argentina vive um período de alta tensão política, e Cristina Kirchner é alvo de um pedido de prisão por parte do Ministério Público no contexto de um julgamento no qual ela é acusada de corrupção na concessão de obras públicas durante seus mandatos como presidente (2007-2015). Desde então, grupos a favor e contra a ex-presidente e atual vice têm se manifestado nas ruas de Buenos Aires.
Nesta quinta-feira, Kirchner fez uma aparição pública e mencionou uma conversa que teve com o também argentino papa Francisco após o ataque.
"O papa Francisco me ligou muito cedo no dia seguinte [ao ataque]. Ele me disse algo assim: atos de ódio e violência são sempre precedidos por palavras e verbos de ódio."
le/lf (AFP, Reuters, ots)/Caminho Político
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