Atividade física ajuda a reduzir câncer de mama

Pesquisa aponta que cerca de 13% dos casos poderiam ser evitados com mudança de hábitos. Médicos do Hospital Santa Rosa participaram de uma manhã de atividades físicas, num alerta simbólico ao Outubro Rosa. Uma pesquisa do Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima que cerca de 13% dos casos de câncer de mama em 2020 no Brasil poderiam ser evitados pela redução de fatores de risco relacionados ao estilo de vida. Com atividade física regular, cerca de 8 mil pessoas poderiam ter evitado o desenvolvimento da doença.
A ginecologista e coordenadora da Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Santa Rosa, Michelle Rocha, afirma que é possível diminuir as chances de se desenvolver o câncer de mama com a redução de fatores de risco. "É comprovado que obesidade, sedentarismo, alimentação irregular, consumo de álcool e cigarro aumentam os riscos de câncer", destaca.
Com o objetivo de despertar a atenção para uma vida mais saudável e com atividade física, o Hospital Santa Rosa reuniu, no último sábado (02.10), um time de profissionais médicos ginecologistas, mastologistas, oncologistas e radiologistas para uma manhã de integração, na academia de bike indoor, Insanos Cycling. Além da troca de informações, os médicos pedalaram, num alerta simbólico da importância de exercício físico no combate ao câncer de mama.
"Entre os desafios para uma mudança de cenário está o fato de que muitas mulheres não percebem a ausência de atividade física como fator de risco. Por isso, quisemos dar exemplo, pois o desafio da mudança de hábitos deve ser aceito por todos, inclusive pelos médicos", afirmou Michelle Rocha, uma das organizadoras do evento.
Quando se fala de prevenção, o exame de mamografia continua sendo o principal recurso. A Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) recomenda iniciar a mamografia a partir dos 40 anos, anualmente. A mamografia de rotina é o método mais eficaz para o diagnóstico precoce do câncer de mama, possibilitando a cura em mais de 90% dos casos. Segundo o Inca, a mamografia periódica permite uma redução de cerca de 30% na mortalidade por câncer de mama em mulheres de 40 a 69 anos.
"Mulheres com casos de câncer de mama e/ou ovário na família, em parentes de primeiro grau (mãe, irmã ou filha), devem iniciar os exames mais cedo. A recomendação é realizar a mamografia até os 69 anos", reforça o médico oncologista do Hospital Santa Rosa, Willian Camargo.
Sobre o autoexame, Camargo explica que ele é importante, mas não é suficiente para detectar nódulos menores e tumores não palpáveis. "O autoexame serve para a mulher se conhecer. Ele deve ser visto como um recurso a mais. Mas é fundamental ter acompanhamento médico regular e fazer exames de imagem", explica o médico.
Camargo destaca ainda que nem todo nódulo é câncer, e que somente um médico pode dar um diagnóstico preciso. O autoexame deve ser feito 7 dias após a menstruação, para as mulheres que menstruam, ou sempre no mesmo dia do mês, para as que não menstruam.
Estimativa de casos
De acordo com o Inca, no Brasil, excluindo os tumores de pele não melanoma, o câncer de mama é o mais incidente em mulheres, representando cerca de 30% do total de diagnósticos de cânceres entre este público. Para o ano de 2021, foram estimados mais de 66 mil casos novos, o que representa uma taxa de incidência de 43,74 casos por 100 mil mulheres.
Em Mato Grosso, a taxa prevista é de 33,04 novos casos para cada 100 mil mulheres no estado. O que representa cerca de 560 novos casos de câncer de mama ao ano.
De acordo com o médico oncologista e coordenador do serviço de oncologia do Hospital Santa Rosa, Dirceu Costa, outro dado muito importante e que chama atenção é que cerca de 47% das mulheres no Brasil deixaram de marcar consultas com ginecologistas ou mastologistas em decorrência da pandemia da Covid-19.
O levantamento, realizado entre os dias 7 e 23 de setembro de 2021, foi conduzido pelo instituto Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec) a pedido da farmacêutica Pfizer. E envolveu 1.400 pessoas das cidades de São Paulo, Belém, Brasília, Porto Alegre, Recife e Rio de Janeiro.
Mitos e verdades sobre o câncer de mama
A médica ginecologista do Santa Rosa, Michelle Rocha, aproveita o mês de outubro para esclarecer mitos e verdades sobre o câncer de mama.
É verdade que amamentar reduz as chances de se desenvolver câncer de mama?
Sim, a amamentação é um fator importante de proteção. Durante o período de aleitamento, as taxas de determinados hormônios que favorecem o desenvolvimento desse tipo de câncer caem na mulher.
Pacientes com câncer de mama podem amamentar?
Durante o tratamento oncológico, a mulher não pode amamentar, sob risco de passar a medicação pelo leite e chegar até o bebê.
Existe alguma relação do uso de anticoncepcionais com o câncer de mama?
A associação entre uso de contracepção hormonal e câncer de mama vem sendo discutida há vários anos. Há alguns estudos publicados que não mostram associação de contracepção hormonal com câncer de mama. Naqueles em que houve associação positiva, o impacto foi um pequeno incremento de risco. Atualmente, há métodos de contracepção seguros e sem hormônios, mas o ideal é que a mulher verifique os benefícios e a indicação do uso de anticoncepcionais com seu médico(a) ginecologista.
A vida sexual da mulher pode ser impactada pelo câncer de mama?
Câncer de mama é uma doença agressiva e traz consequências severas à mulher, em especial nos seus hábitos de vida anteriores à doença. Como consequência dos tratamentos, pode acontecer atrofia vaginal, incontinência urinária e alguns problemas que ocorrem na menopausa. O laser vaginal é uma técnica que pode ser utilizada para auxiliar a mulher. Por meio da emissão de ondas eletromagnéticas, o laser devolve a elasticidade e a lubrificação do órgão genital feminino, melhorando a atrofia. Quando a mulher se sente apta e preparada para retornar a vida sexual, pode-se proporcionar uma recuperação adequada para que não haja dor e outros incômodos, melhorando a autoestima e conforto da mulher na relação sexual.
Pamela Muramatsu/Caminho Político
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