Brasil registra 67% mais mortes do que a média no 1º semestre

Em meio à pandemia de covid-19, total de óbitos contabilizados por cartórios do país entre janeiro e junho deste ano foi recorde para o período, enquanto nascimentos caíram 10% em relação à média. Em quase 20 anos, o Brasil nunca registrou tantas mortes e tão poucos nascimentos num primeiro semestre como entre janeiro e junho deste ano, apontam dados da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil).
De acordo com a associação, os cartórios de registro civil brasileiros contabilizaram 956.534 mortes no primeiro semestre de 2021, 67,7% acima da média da série histórica para o período, iniciada em 2003, 37,3% a mais que na primeira metade de 2020, e 52,8% em relação a 2019.
Somente entre janeiro e junho deste ano, foram registrados 323.117 dos mais de 530 mil óbitos por covid-19 contabilizados oficialmente até agora no Brasil, o segundo país do mundo com mais mortes em decorrência da doença, atrás somente dos EUA.
No primeiro semestre, os cartórios também registraram 1.325.394 nascidos vivos, o menor número para o período desde 2003. A marca ficou 10% abaixo da média histórica, somente 0,09% abaixo do primeiro semestre do ano passado, mas 8,6% abaixo do mesmo período de 2019.
A pandemia de covid-19 foi declarada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em março de 2020. Especialistas apontam uma conexão entre a queda nos nascimentos e uma redução do número de casamentos durante a crise sanitária.
Redução significativa no crescimento populacional
"A diferença entre nascimentos e óbitos, que sempre esteve na média de 901.594 nascimentos a mais, caiu para apenas 368.860 em 2021, uma redução de 59,1% em relação à média histórica. Em relação a 2020, a queda foi de 41,4%, e em relação a 2019 foi de 55,2%", afirmou a Arpen-Brasil em nota.
"Os números mostram claramente os impactos da doença em nossa sociedade e possibilitam que os gestores públicos possam planejar as diversas políticas sociais com base nos dados compilados pelos cartórios", disse o presidente da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), Gustavo Renato Fiscarelli, citado pelo jornal O Estado de S. Paulo.
É possível que os nascimentos diminuam ainda mais no curto prazo. Em abril deste ano, em meio à grave situação epidemiológica no Brasil, o Ministério da Saúde pediu que as mulheres adiassem a gravidez para um "melhor momento". "Sem dúvida, o quadro revela que o planejamento familiar dos brasileiros foi afetado", comentou Fiscarelli.
lf (Reuters, ots)cp
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