Hospital Geral presta atendimento de psicologia a gestantes com malformação fetal

Com o avanço tecnológico, a obstetrícia passou a ter cada vez mais acesso a diferentes informações sobre os fetos, e isso cada vez mais cedo durante a gestação. Contudo, toda essa evolução tecnológica permitiu também a detecção de problemas clínicos com os fetos. Nos casos de problemas reversíveis, trouxe novas possibilidades para intervir sobre eles, já em outros casos, como os de malformações incompatíveis com a vida, permitiram apenas um diagnóstico precoce, porém sem alternativas de possibilidades terapêuticas. Há ainda, os casos de deficiências permanentes, que demandam cuidados especializados durante um período ou por toda a vida.
As gestações de alto risco não são tão raras quanto muita gente pode pensar e, por isso mesmo, o Hospital Geral e Maternidade de Cuiabá (HG) atende essas pacientes e presta, desde março deste ano, um serviço de psicologia a essas futuras mamães.
O diagnóstico no pré-natal de malformação fetal, traz grande sofrimento e uma série de implicações para a gestante, seu companheiro e demais familiares, dentre outras: sentimento de frustração, culpa, incapacidade e perda, crises no sistema familiar e isolamento social.
Nessas situações é que entra o serviço de psicologia, na oferta de atendimento às gestantes e, quando presentes, seus acompanhantes, durante todo o pré-natal no Hospital Geral, se estendendo para o período de internação da mulher, e quando necessário, do bebê em UTI Neonatal, junto à família.
A psicóloga do HG, Pâmela Cristina da Rocha, explica que o acompanhamento psicológico visa auxiliar as mulheres a lidarem com a gestação para além de seu aspecto biológico, incluindo aspectos emocionais, sociais e relacionais que acompanham as mudanças físicas. “Cada gestação é vivida emocionalmente de forma única, em suas expectativas, receios e fantasias, e a entrada do diagnóstico em cena, que por vezes inclui riscos à vida do bebê, risco de parto prematuro, de deficiências permanentes, altera toda a experiência materna, do casal e da família. É exigido de todos, especialmente da mulher, um grande trabalho psíquico para reorganizar todos estes elementos, aceitar a perda do bebê sonhado, e as grandes incertezas que acompanham essa gestação”, afirmou.
De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 50% das causas das malformações congênitas permanecem desconhecidas. Das restantes, aproximadamente 25% se devem a defeitos cromossomiais com base genética e menos de 10% são devidas a fatores ambientais, físicos ou químicos. Em resumo, as malformações podem ser devidas a fatores genéticos, herdados ou não, fatores extrínsecos, drogas e outras substâncias químicas, infecções virais ou outros defeitos congênitos.
Pâmela relata que o risco implicado na gestação de bebês com malformação, bem como a incerteza sobre suas causas, pode levar ao sofrimento mental, particularmente da mãe, que pode se sentir responsabilizada, confusa, deprimida, irritada e, sobretudo se não houver apoio, tais estados podem levar à diminuição do convívio social, sintomas, prejuízos no sono e alimentação, no trabalho e nas relações.
“Quando intenso, o sofrimento pode influenciar em múltiplos aspectos da vida da mulher, dificultar sua participação no cuidado pré-natal, e interferir na qualidade da ligação afetiva com o bebê. O impacto da notícia de um bebê com malformação ou deficiência é geralmente angustiante e desestruturador, o que pode ter efeitos também sobre a relação entre mãe e seu bebê, e por consequência, sobre o desenvolvimento deste”.
O acompanhamento psicológico no pré-natal surgiu da proposta de integrar este cuidado com outros momentos posteriores onde a gestante e sua família já eram acompanhadas pela psicologia, na internação para o parto e na assistência ao bebê em UTI Neonatal. Deste modo, iniciar o acompanhamento psicológico no pré-natal antecipa às mulheres o apoio emocional especializado, neste período onde já estão em processo de lidar com todas as mudanças que o diagnóstico trouxe, ou podem iniciar este processo, antes que o bebê chegue junto com diversas outras demandas e novos trabalhos emocionais para os pais. Acompanhados desde o pré-natal, verificamos que as demandas psicológicas durante a internação podem ser melhor assistidas.
“Apostamos que, ao oferecer espaço para que as dúvidas, emoções, medos, questões, sejam expressas conforme cada um pode, e encontrem lugar de acolhimento, favorecemos sua aceitação e podemos minimizar o sofrimento. Portanto, se torna mais possível a aceitação do bebê e a oferta dos cuidados parentais que ele precisará, especialmente após o nascimento. Ou seja, apostamos que auxilie os pais a se organizarem e fortalecerem para esta chegada, buscando e recebendo apoio familiar e social, confiando no apoio da equipe e em si mesmos, o suficiente para apostar junto ao bebê pela vida sabendo que esta, quando possível, não se limita ao diagnóstico”, afirma a psicóloga.
O acompanhamento psicológico é ofertado a todas as gestantes em acompanhamento pré-natal por malformação no HG, de forma integrada a equipe médica, e realizado pela equipe de psicólogas residentes, pós-graduandas do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde Hospitalar de pacientes com necessidades especiais, ofertado no hospital.
Para saber mais sobre o trabalho contate a equipe de Psicologia pelo telefone (65) 3363-7004 ou e-mail: pamelac@hgucuiaba.com.br.
Soraya Medeiros/Caminho Político
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