CORONAVÍRUS: Biontech critica falha da UE na compra da vacina contra covid-19

Laboratório alemão alerta para lacunas de fornecimento. Presidente da empresa aponta lentidão na aprovação e na encomenda de doses do imunizante para atender a população do bloco. EUA superam 20 milhões de casos. O laboratório Biontech promete aumentar a produção de vacinas contra covid-19 para cobrir as necessidades dos países da União Europeia (UE) e avisa que podem aparecer lacunas de fornecimento até que outros imunizantes sejam aprovados pelo bloco.
Em parceria com a americana Pfizer, a empresa alemã foi uma das primeiras a desenvolver uma vacina contra o coronavírus, mas afirma que houve lentidão para chegada do produto nos países europeus, por causa da aprovação relativamente tardia dos reguladores da UE e pelo tamanho relativamente pequeno da encomenda feita por Bruxelas.
Os atrasos causaram irritação na Alemanha, onde algumas regiões tiveram que parar as vacinações dias depois do início da campanha.
"No momento, a coisa não se parece boa. Está surgindo um buraco de fornecimento, por haver uma falta de outras vacinas aprovadas, e temos que preencher a lacuna com nossa própria vacina", afirmou o presidente da Biotech, Ugur Sahin, em entrevista publicada nesta sexta-feira (01/01) pela revista Der Spiegel.
Diversificação
Sahin fundou a Biontech com sua mulher, Özlem Türeci, que é a chefe médica da companhia. Ambos criticam a decisão da UE de diversificar as encomendas, na expectativa de que mais vacinas sejam aprovadas rapidamente.
Os EUA encomendaram em julho 600 milhões de doses do inoculante produzido pela Biontech e a Pfizer, enquanto a UE esperou até novembro para fazer uma encomenda com metade do tamanho.
"O processo na Europa não foi tão rápido e direto quanto em outros países, e isso deve-se, também, ao fato de a UE não ter autorizado pedidos diretos. Caso contrário os países também teriam tido a sua oportunidade. Numa negociação em que se requer um anúncio claro, isso é algo que pode demorar algum tempo", afirmou Ugur Sahin.
"Havia a ideia de que surgiriam muitas outras empresas com vacinas. Aparentemente, havia a impressão de que haveria o suficiente e que as coisas não seriam graves, e isso me surpreendeu", acrescentou.
Ózlem Türeci afirmou que a ideia de criar um leque de vacinas de diversos produtores pareceu, de início, acertada, mas que depois foi percebido que nem todos responderiam em tempo útil às encomendas. O aumento da produção, segundo Türeci, não é fácil. "Não existem no planeta fábricas especializadas que possam produzir da noite para o dia com a qualidade necessária", explicou.
A Biotech acertou com cinco fabricantes na Europa a produção da vacina e está negociando novos contratos.
Sahin está otimista sobre uma aceleração na produção com a abertura da nova fabrica em Marburg, na região central da Alemanha. No local poderão ser produzidas 250 milhões de doses no primeiro semestre de 2021, segundo Sahin.
Aprovação da OMS
O imunizante da parceria Biontech-Pfizer se tornou nesta quinta-feira o primeiro a obter aprovação para uso emergencial da Organização Mundial de Saúde (OMS).
O sinal verde para o agente imunizante, que já tinha sido obtido em mercados como Estados Unidos, Reino Unido e União Europeia, serve para países que não têm órgãos de homologação deste tipo de produto, especialmente nações em desenvolvimento.
Em comunicado, a OMS ressaltou que a autorização permitirá o uso da vacina a agências como a Organização Panamericana de Saúde (Opas) ou o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
Os pesquisadores da organização admitiram que o agente imunológico, com eficácia de 95%, apresenta desafios para o uso, devido à necessidade de armazenamento entre 60 e 90 graus Celsius negativos.
"Por isso, a OMS trabalhará para apoiar os países no desenvolvimento de planos de entrega e prepará-los para o uso", informou o comunicado.
EUA superam 20 milhões de casos
No primeiro dia do ano, os Estados Unidos quebraram mais um recorde, superando o patamar de 20 milhões de infectados pelo novo coronavírus. O país consolida, assim, sua posição de primeiro lugar no ranking da Universidade Johns Hopkins.
Nenhum outo país chega perto em cifras absolutas de casos confirmados. Na Índia, são contabilizados 10,3 milhões, enquanto no Brasil são 7,7 milhões.
Conforme os dados da universidade, que compila as informações dos países em tempo real, os EUA já têm 20.007.149 pessoas contaminadas e 346.687 mortos pela doença.
A California é o estado com maior número total de contágios, com cerca de 2,28 milhões de infecções, seguido pelo Texas, com 1,76 milhão, e Flórida, com 1,32 milhão de casos.
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