A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Mateus 22,1-14, que corresponde ao 28° Domingo do ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.Eis o texto. Jesus conhecia muito bem a vida dura e monótona dos camponeses. Sabia como esperavam a chegada do sábado para se «libertarem» do trabalho. Via-os desfrutando das festas e casamentos. Que experiência poderia ser mais satisfatória para aquelas pessoas do que serem convidadas para um banquete e poderem sentar-se à mesa com os vizinhos e partilhar uma festa de casamento?
Movido pela sua experiência de Deus, Jesus começou a falar-lhes de uma maneira surpreendente. A vida não é apenas esta vida de trabalhos e preocupações, tristezas e dissabores. Deus está preparando uma festa final para todos seus filhos e filhas. A todos nos quer ver sentados junto a Ele, em torno da mesma mesa, desfrutando para sempre de uma vida plenamente feliz.
Não se contentava apenas em falar assim sobre Deus. Ele mesmo convidava todos à sua mesa e comia inclusive com pecadores e indesejáveis. Ele queria ser para todos o grande convite de Deus para a festa final. Queria vê-los receber com alegria sua chamada e criando entre todos um clima mais amistoso e fraterno que os prepararia adequadamente para a festa final.
O que aconteceu a este convite? Quem o anuncia? Quem o escuta? Onde se pode ter notícias desta festa? Satisfeitos com o nosso bem-estar, surdos a tudo o que não seja o nosso interesse, não acreditamos que precisamos de Deus. Não estaremos nos acostumando pouco a pouco a viver sem a necessidade de uma esperança última?
Na parábola de Mateus, quando os que têm terras e negócios rejeitam o convite, o rei diz aos seus servos: «Ide agora às encruzilhadas dos caminhos e a todos os que encontreis, convidem-nos para o casamento». A ordem é inaudita, mas reflete o que sente Jesus. Apesar de tanta rejeição e desprezo, haverá festa. Deus não mudou. Devemos continuar a convidar.
Mas agora é melhor ir à «encruzilhada dos caminhos», por onde transitam tantas pessoas errantes, sem terras nem negócios, a quem ninguém nunca convidou para uma festa. Eles podem entender melhor que ninguém o convite. Eles podem recordar-nos a necessidade última que temos de Deus. Podem ensinar-nos a esperança.
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