
Por outro lado, a também médica e deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) discordou. "O que estamos debatendo é se há comprovação do benefício desses medicamentos. E a fala majoritária dos especialistas, infectologistas, da OMS [Organização Mundial da Saúde] é que não há”, disse Feghali. “Esse discurso que diz 'não tendo nada eu dou isso aqui', porque o paciente vai sair mais tranquilo, achando que está curado, esse não é nosso papel. Isso é propaganda enganosa”, completou.O secretário de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde, Helio Angotti Neto, criticou a análise isolada de artigos publicados em revistas científicas e a politização do debate. "O ministério revisa diariamente a literatura internacional sobre diagnóstico e tratamento de coronavírus. Olhamos todo o contexto”, disse Angotti Neto. Ele citou diversos artigos que atestariam evidências favoráveis à cloroquina no tratamento precoce. "No tratamento precoce, tudo o que se tem é favorável”, disse.
Cotada para assumir o Ministério após a saída de Nelson Teich, a médica imunologista Nise Yamaguchi reforçou evidências da ação da cloroquina na fase de replicação viral (reprodução do vírus), mas reconheceu que faltam estudos conclusivos sobre a eficácia dos medicamentos. "Faltam os estudos randomizados, mas já temos uma meta-análise em andamento bem robusta”, disse.
Qualidade dos estudos

Médico e pesquisador da fundação Oswaldo Cruz, Julio Croda disse que o governo vem se baseando em diversos estudos da região de Marseille, na França, que teriam falhas técnicas e éticas. “Não existe evidência alguma para o uso de qualquer medicação em termos de tratamento precoce. Defender isso é enganar o povo. Hoje o que salva vidas é fazer isolamento social, ter leitos e equipes bem treinadas”, disse.
Diretora do hospital Couto Maia, na Bahia, Ceci Nunes questionou a distribuição de medicamentos sem a comprovação por estudos clínicos randomizados, considerados o padrão-ouro por envolverem a análise de dois grupos de pacientes: um grupo recebe o medicamento a ser testado; outro, um placebo (produto sem efeito). A ideia é verificar se o medicamento foi , de fato, o fator determinante para o resultado alcançado.
Ivermectina

Marido da deputada Carla Diclkson, Albert Dickson, médico oftalmologista e deputado estadual no Rio Grande do Norte, também defendeu o uso da droga. "Um amigo do meu filho usou ivermectina por conta própria, o que eu não recomendo, mas todos na casa dele pegaram Covid-19 e ele não”, disse.
Reportagem – Murilo Souza
Edição – Régis Oliveira
Foto: Najara Araújo
Caminho Político
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