Prefeitura de Lychen, ao norte de Berlim, proíbe a prática do nudismo entre banhistas na cidade, com multas de até 500 euros. Decisão causa revolta entre alguns moradores, além de ameaças anônimas de ataque.Localizada a cerca de 100 quilômetros ao norte de Berlim, a pequena cidade de Lychen, com cerca de 3 mil habitantes, ganhou as páginas de jornais alemães recentemente.
As manchetes não foram sobre o turismo no município e seus lagos idílicos, mas sim sobre a polêmica proibição da prática de nudismo na região.
Em meados de junho, a prefeitura de Lychen resolveu mudar as regras para banhistas e adotou uma multa de até 500 euros (cerca de 3 mil reais) para quem se aventurar a nadar pelado nos lagos do município.
A decisão aparentemente foi tomada após reclamação de moradores – principalmente de pais que costumam frequentar os lagos com os filhos – sobre a prática nudista de ioga e vôlei. Nadar sem roupa não seria tanto o problema, mas o "exibicionismo" em esportes teria chocado alguns. Ao jornal Tagesspiegel, uma mãe disse que teve que responder perguntas dos filhos de sete e oito anos sobre o que os idosos, que faziam exercícios de ioga sem roupas, estariam fazendo.
A proibição, porém, não agradou nem um pouco aos adeptos da Freikörperkultur (FKK) – cultura do corpo livre – que chegaram a comparar a decisão da prefeitura com medidas adotadas no Irã. Muitos reclamaram da falta de debate sobre o caso e gostariam que a medida que afetou a vários fosse tomada após uma ampla discussão entre os diferentes grupos.
Um nudista mais revoltado chegou a mandar uma carta anônima para a prefeitura ameaçando jogar "20 litros de diesel ou algo pior" nos lagos da cidade, se a proibição não fosse revogada. O caso está sendo investigado pela polícia.
Chamou-me a atenção ver esse tipo de debate na Alemanha, um país com uma longa tradição de FKK; onde há praias e espaços nudistas em vários locais – inclusive em Berlim é possível ver pessoas tomando sol sem roupa em parques –; onde o nudismo é visto como algo normal e banal.
Pelo visto alguns alemães não apreciam tanto a Freikörperkultur, mas não gostam de admitir isso publicamente. Muitos dos entrevistados por jornais em Lychen que se posicionaram a favor da proibição fizeram questão de destacar que não eram "pudicos".
Clarissa Neher é jornalista da DW Brasil e mora desde 2008 na capital alemã. Na coluna Checkpoint Berlim, escreve sobre a cidade que já não é mais tão pobre, mas continua sexy. Siga-a no Twitter.
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