Contração de 12,1% no PIB do segundo trimestre é a maior desde o início da série histórica, em 1995. Espanha, França, Portugal e Itália também anunciam quedas recordes em suas economias devido à crise do coronavírus. A economia da zona do euro registrou no segundo trimestre deste ano uma queda histórica devido à crise provocada pela pandemia de covid-19, anunciou nesta sexta-feira (31/07) o Serviço Europeu de Estatística (Eurostat). De abril a junho, o Produto Interno Bruto (PIB) da zona formada por 19 países caiu 12,1% em relação ao trimestre anterior. De acordo com a entidade, esta é "de longe" a contração mais alta desde o início da série histórica, em 1995. A Eurostat destacou, porém, que se trata de uma "estimativa preliminar", que se baseia em dados ainda incompletos, e que "será revisada".
Nesta sexta-feira, pelo menos quatro países da zona do euro anunciaram quedas recordes em suas economias: Espanha (18,5%), França (13,8%), Portugal (14,1%) e Itália (12,4%). Na quinta-feira, a Alemanha já havia anunciado um declínio de 10,1%. Já a Áustria teve um recuo de 10,7%, e a Bélgica, de 12,2%.
O primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, se reuniu nesta sexta-feira com os líderes das regiões espanholas para discutir como reconstruir a economia da zona do euro mais afetada pela pandemia e onde investir os bilhões de euros que serão recebidos de auxílio da União Europeia (UE).
A Itália, por sua vez, enfrenta neste ano a pior recessão desde a Segunda Guerra Mundial. De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (Istat), com esse declínio "sem precedentes", que segue uma contração de 5,4% no primeiro trimestre, o PIB italiano "registra o menor valor desde o primeiro trimestre de 1995".
Em comparação com o segundo trimestre de 2019, a queda é ainda mais acentuada e chega a 17,3%. Para a recuperação econômica, o governo italiano injetará 25 bilhões de euros adicionais no orçamento de 2020, elevando o déficit público a 11,9% do PIB.
Já em Portugal, o PIB no segundo trimestre retraiu 16,5% quando comparado ao mesmo período de 2019, informou o Instituto Nacional de Estatística (INE) do país.
Como a economia portuguesa é muito dependente do turismo, que corresponde a até 15% do PIB, ela foi fortemente afetada pelas medidas de isolamento. O Banco de Portugal prevê que o PIB do país vai contrair 9,5% em 2020, a maior recessão em um século. Já o governo estima que a queda será de 6,9%. No ano passado, o PIB português cresceu 2,2%.
A pandemia também está ameaçando a taxa de desemprego de Portugal, que subiu para 7% em junho, ante 5,9% em maio, quando dezenas de milhares de empregos foram perdidos em decorrência da pandemia.
Na França, o Instituto Nacional de Estatística (Insee) disse que o recuo de 13,8% no PIB é o maior desde que a atividade trimestral começou a ser medida, em 1949. Se comparado com o mesmo período do ano passado, a queda foi de 19%.
O instituto também revisou o PIB do primeiro trimestre, quando os bloqueios começaram a ser implementados, para uma contração de 5,9%, ante os 5,3% estimados anteriormente. Agora, a França acumula três trimestres consecutivos de queda e continua em recessão.
O forte declínio da atividade de abril a junho é, no entanto, menor do que o previsto pela maioria dos analistas e pelo próprio Insee, que projetava um decréscimo de 17%. "A evolução negativa do PIB no primeiro semestre de 2020 está relacionada à interrupção de atividades 'não essenciais' no contexto do confinamento em vigor entre meados de março e início de maio", afirmou o instituto em comunicado.
Sem surpresa, dados os bloqueios e as restrições de viagens que atingem o turismo internacional, houve uma queda de quase 46% no setor de transporte francês e de 57% no setor de restaurantes e hotéis. A construção civil teve uma queda de 26,2%, devido à suspensão geral das obras durante o confinamento.
O Insee registrou uma queda de 11% nos gastos das famílias de abril a junho, após uma queda de 5,8% no primeiro trimestre. As importações francesas, que já haviam caído 5,5% no primeiro trimestre, despencaram 17,3% no segundo trimestre. Os danos às exportações foram ainda mais acentuados, com queda de 25,5% no segundo trimestre, após recuar 6,1% de janeiro a março.
Ao divulgar os números, o Insee explicou que o ponto mais baixo da economia foi em abril, quando apenas trabalhadores considerados essenciais puderam exercer suas atividades. De acordo com o instituto, a atividade começou a aumentar novamente a partir de maio, quando as autoridades começaram a diminuir as restrições.
Até os números divulgados nesta sexta-feira, a maior queda trimestral do PIB francês havia sido no segundo trimestre de 1968, em consequência de uma greve geral em maio daquele ano.
LE/ap/afp/efe/dpa/cp
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