Segmento também defende outras medidas de socorro para a agricultura
familiar durante pandemia de coronavírus; mais de 20 propostas com este fim já
estão em análise na Câmara. Agricultores familiares de todo o País pedem que o
Congresso Nacional rejeite o veto do presidente Jair Bolsonaro à Lei 13.998/20
que estenderia o auxílio emergencial de R$ 600 ao segmento. Conforme a lei
aprovada pelo Congresso, a partir do PL 873/20, o benefício pago aos
trabalhadores
informais durante a pandemia de coronavírus seria estendido aos
agricultores familiares e outras categorias; porém, Bolsonaro vetou 11 trechos
da lei, estendendo o benefício apenas às mães menores de 18 anos. Em reunião da
Frente Parlamentar Mista da Agricultura Familiar por teleconferência, nesta
terça-feira (2), a principal demanda foi a derrubada do veto. O presidente da
frente, deputado Heitor
Schuch (PSB-RS), afirmou que diversos setores já foram contemplados com
recursos, políticas e programas durante a pandemia, mas não a agricultura
familiar.
O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Agricultura
(Contag), Aristides dos Santos, destacou que mais de 60% dos brasileiros
consomem alimentos vindos da agricultura familiar, e que o segmento precisa ser
valorizado e apoiado. “Não só a agricultura familiar precisa participar e ter
apoio deste auxílio, como outras categorias, como previa o projeto. Esta é uma
das grandes demandas do momento”, disse. “Precisamos conseguir primeiro que os
presidentes das duas Casas legislativas pautem os vetos”, completou.
Para o secretário de Agricultura Familiar e Cooperativismo do Ministério da
Agricultura, Fernando Schwanke, “inchar o projeto do auxílio emergencial com
outras categorias acabou prejudicando os agricultores familiares”. Schwanke
observou que uma parte deles - 3,3 milhões de trabalhadores rurais que recebem
Bolsa Família - já foram contemplados com o benefício.
Comercialização
A coordenadora da Regional Sudeste da Contag, Alaíde Bagetto, chamou atenção
para a dificuldade para os agricultores familiares comercializarem seus
produtos especialmente no período de isolamento social. “Com a pandemia, a
maioria dos municípios fecharam as feiras, que eram o ponto de comercialização
da agricultura familiar nos municípios. A gente vê situações de pessoas
perdendo as mercadorias porque não conseguem comercializar”, relatou.
Ela observou ainda que, nos municípios menores, os prefeitos não estão
comprando da agricultura familiar para o Programa de Aquisição de Alimentos
(PAA) e Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), conforme determina a
legislação. Pelos programas do governo, os alimentos comprados desses
agricultores são destinados à rede pública de ensino e à rede socioassistencial
do governo, por exemplo. Além disso, Alaíde defendeu a isenção do pagamento de
energia elétrica por agricultores familiares durante a pandemia, conforme
determinam alguns projetos em análise na Câmara.
“Nós, já há mais de 30 dias, emitimos recomendações para funcionamento das
feiras de agricultura familiar, referendadas pelo ministério da Saúde e pela
Anvisa. Não é necessário que os prefeitos fechem essas feiras”, esclareceu o
secretário de Agricultura Familiar e Cooperativismo do Ministério da Agricultura,
Fernando Schwanke. Segundo ele, é necessário mobilizar prefeitos e governadores
para comprar da agricultura familiar para o PNAE. “Estamos fazendo nossa parte,
mas é importante que vocês na ponta também façam”, disse. Na visão dele, a
pandemia mostra, porém, que a dependência exclusiva dos mercados públicos é um
problema. Para ele, é importante fortalecer as cooperativas para acessar
mercados privados, inclusive externos.
Demandas do setor
Deputados presentes à reunião, como Bira do Pindaré (PSB-MA),
Vilson da Fetaemg (PSB-MG),
Nilto Tatto (PT-SP) e Carlos Vera (PT-PE),
ressaltaram que mais de 20 propostas para atender o setor durante a pandemia já
foram apresentadas e defenderam que as demandas dos agricultores familiares
sejam condensadas em só texto e aprovadas pela Câmara. Zé Silva (Solidariedade-MG),
líder do partido, pediu atenção às propostas que permitem que os recursos do
PNAE sejam repassados diretamente para os pais em dinheiro (PLs 1084/20 e
2361/20, por exemplo). Para ele, essas propostas devem ser rejeitadas, pois
prejudicariam a agricultura familiar.
Representantes da Contag e da Fetag (Federação de Trabalhadores na
Agricultores) defenderam também que a Câmara dos Deputados vote rapidamente o
Projeto de Lei PL 1543/20, já aprovado pelo Senado Federal, que prorroga por 12
meses o pagamento das dívidas de agricultores familiares. E reclamaram das
altas taxas de juros nas ofertas de crédito para os agricultores familiares já
anunciadas pelo governo; da dificuldade de liberação de crédito fundiário para
que os agricultores brasileiros possam comprar terras e construir casas; e da
falta de internet nas regiões rurais.
Reportagem - Lara Haje
Edição – Régis Oliveira
Foto: Janine Tomberg/Prefeitura de Pelotas-RS
Caminho Político
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