
Nelson Teich afirmou, ainda, que deixa um plano de trabalho para seu sucessor, com um programa de testagem para a doença pronto para ser implementado.
Repercussão
A saída de Teich repercutiu entre os deputados. Para o deputado Efraim Filho (DEM-PB), líder do partido - o mesmo do ex-ministro Mandetta -, ao contrário do que afirma Teich, o agora também ex-ministro não disse a que veio em seu curto período no ministério.
“A impressão que fica é de que ele nunca assumiu realmente as suas funções. Desde a saída do ex-ministro Mandetta, o Ministério da Saúde teve praticamente um mês perdido. No momento mais crítico da pandemia, deixou a população desorientada, sem um ponto de referência de autoridade da saúde, e a gente espera que isso possa se organizar daqui por diante”, disse.
Para o deputado André Figueiredo (PDT-CE), líder da Oposição, a saída do médico oncologista demonstra que Jair Bolsonaro não tem mais condições de governar.
“Isso corrobora o que estamos constatando: que o presidente da República, lamentavelmente, não tem condição de administrar o país num momento como esse. É lamentável nós vermos que o nosso país vai ter um terceiro ministro da Saúde em menos de 60 dias, num momento em que era necessário fazer o enfrentamento da pandemia com o mínimo de competência de uma equipe vocacionada, e que seja respeitada na comunidade científica.”
Economia
O líder do governo, deputado Vitor Hugo (PSL-GO), por outro lado, defende que a saída de Teich não afeta a capacidade do governo de continuar cuidando da saúde dos brasileiros. Ele também ressaltou a preocupação com a economia.
“O governo federal tem feito todos os esforços para salvar vidas, que é a nossa prioridade, e também preservar os empregos dos brasileiros. Centenas de ações já foram conduzidas pelo governo federal, coordenadas pela Casa Civil, e já foram anunciadas medidas que ultrapassam R$ 1,7 trilhão", defendeu ele. Segundo Vitor Hugo, "o governo seguirá no seu curso de proteção de vidas, e de salvaguarda de empregos e que nós vamos sair ainda mais fortes e unidos desse momento tenso, dessa crise do Covid-19.”
Vários deputados avaliaram que a divergência entre Bolsonaro e Teich em torno do uso da cloroquina no tratamento dos doentes foi o principal motivo da saída do ex-ministro.
"Não se sensibilizou"
A deputada Bia Kicis (PSL-DF) acredita que o oncologista deveria ter seguido a recomendação do presidente.
“Por mais respeitável que seja o Dr. Nelson Teich, como médico oncologista, como gestor de saúde, ele não se sensibilizou com a necessidade de alterar o protocolo do Ministério da Saúde. Não adianta querer esperar evidências científicas, porque pessoas estão morrendo e o fato é que a hidroxicloroquina está salvando vidas”, disse a deputada.
Especialistas que falaram à comissão externa da Câmara que avalia o combate à Covid 19 explicaram que a hidroxicloroquina é um entre muitos medicamentos que estão sendo testados no tratamento da nova doença, mas a falta de evidências de sua eficácia fora dos testes em tubos de ensaio faz com que ela não seja incluída como protocolo geral por entidades médicas.
O líder da Minoria, deputado José Guimarães (PT-CE), concorda com a avaliação e afirmou que os brasileiros "não são cobaia".
“Bolsonaro quer que o ministro da Saúde possa usar a cloroquina para agradar os interesses americanos. Essa é a razão principal da demissão do ministro da Saúde. É um governo que está aos frangalhos.”
No lugar de Nelson Teich, assume interinamente o general Eduardo Pazuello.
Reportagem - Paula Bittar
Edição - Régis Oliveira
Foto: Júlio Nascimento/Presidência da República
Caminho Político
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