"CORONAVÍRUS: Como pesquisadores brasileiros usam modelos matemáticos para combater pandemia"

Pessoas aguardam em fila em São Gonçalo, no Rio de JaneiroEm universidades do país, matemáticos, físicos e cientistas da computação buscam compreender a disseminação da covid-19 no Brasil. O objetivo é ajudar gestores públicos a tomar decisões sobre políticas de isolamento. Diferentemente de pandemias anteriormente enfrentadas pela humanidade, a da covid-19 ocorre num mundo baseado – e relativamente organizado – em dados.
As ciências exatas se mostram agora fundamentais para combater a doença, por meio de modelos matemáticos que usam dados para prever a propagação do vírus e que podem ajudar autoridades a definir suas ações. No Brasil, um grupo de pesquisadores da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), criou uma ferramenta capaz de projetar a necessidade de leitos em municípios brasileiros de pequenos e médio porte – desenhada para atender a localidades com até 500 mil habitantes.
Para tanto, os cientistas desenvolveram um sistema a partir de parâmetros epidemiológicos publicados em artigos científicos. Assim, as variáveis que interferem em uma previsão – taxa de transmissão do vírus, taxa de internação e tempo médio em que um paciente fica em uma UTI, por exemplo – acompanham pesquisas mais recentes sobre o tema. Atualizada em tempo real, a ferramenta é capaz de considerar o estágio em que se encontra o distanciamento social em cada localidade, bem como o status da pandemia.
"Quase todos os parâmetros podem ser escolhidos pelo usuário, o que aumenta a capacidade da ferramenta de produzir estimativas de acordo com as necessidades de cada um", explica o pesquisador Bruno Nunes, professor da UFPel e um dos desenvolvedores do sistema. "O sistema fornece as informações de base, mas o usuário pode mudar os valores de referência, se julgar que é mais adequado para sua realidade."
"Obviamente, várias ressalvas devem ser levadas em consideração no uso do modelo. No próprio site da ferramenta, todas essas considerações estão bastante destacadas para evitar equívocos de interpretação das estimativas."
Nunes afirma que mais de 250 pessoas de todo o Brasil já acessaram a plataforma, lançada no dia 21. O sistema já vinha sendo desenvolvido pela universidade e acabou disponibilizado de forma prematura e experimental, justamente para atender às necessidades impostas pela pandemia.
Edison Veiga/Caminho Político
Edição: Régis Oliveira
Foto: L. Alvarenga

Comentários