Após reunião com governadores, Merkel anuncia que medidas restritivas seguem em vigor pelo menos até maio, enquanto grandes eventos públicos estão proibidos até fim de agosto. Escolas e comércios abrirão gradualmente. A Alemanha decidiu estender as medidas de distanciamento social impostas para conter a pandemia de covid-19 pelo menos até 3 de maio, além de prever uma reabertura gradual do comércio e das escolas, anunciou nesta quarta-feira (15/04) a chanceler federal Angela Merkel. Grandes aglomerações continuam proibidas no país até o final de agosto. O pronunciamento da chefe de governo veio após uma reunião com líderes regionais para discutir uma saída para a crise do coronavírus, que já infectou mais de 133 mil pessoas na Alemanha e matou quase 3,6 mil – uma mortalidade baixa em comparação com outros países muito afetados.
"Obtivemos um sucesso parcial e frágil", disse Merkel, referindo-se à desaceleração das infecções e ao alto número de pacientes recuperados, que já passam de 72 mil no país. Ao mesmo tempo, destacou a necessidade de manter a maior parte das medidas restritivas, que, reconhece, "implicam mudanças no modo de vida e sacrifícios".
Hospitais e profissionais de saúde não estão sobrecarregados na Alemanha, tranquilizou a chanceler federal, mas ainda assim é preciso ter "extrema cautela". "Precisamos entender que teremos que viver com o vírus enquanto não houver um tratamento ou vacina."
Na reunião desta quarta-feira, os governantes concordaram em permitir a retomada da vida escolar em todo o país de forma gradual a partir de 4 de maio, começando com os alunos mais velhos, dos últimos anos do ensino fundamental e médio, que estão prestes a prestar exames.
"Eu sei quantas pessoas na Alemanha acompanham essa discussão [sobre a reabertura das escolas] atualmente. Porque, obviamente, é uma situação muito, muito difícil para os pais", disse Merkel, acrescentando, contudo, que é necessário "proceder de forma muito cautelosa, muito gradual", a fim de proteger vidas humanas.
A líder alemã reconheceu que, para se retomarem as aulas com os cuidados necessários de distanciamento entre alunos e professores, será preciso criar novos conceitos de organização dentro das escolas, bem como novos planos de transporte.
"Haverá muito trabalho logístico envolvido, e é por isso que se requer uma preparação intensiva", afirmou Merkel. Autoridades estaduais deverão desenvolver esses novos planos até 29 de abril.
Além disso, lojas com áreas de venda de até 800 metros quadrados também poderão reabrir a partir da semana que vem, uma vez que tenham planos para garantir cuidados com higiene, evitar filas e controlar o acesso de muitos clientes. Enquanto isso, o uso de máscaras faciais é "urgentemente" recomendado no transporte público e em lojas.
Estabelecimentos que vendem livros e lidam com carros e bicicletas também poderão reabrir na semana que vem, independentemente de seu tamanho. Salões de cabeleireiros terão permissão para funcionar a partir de 4 de maio, desde que adotem medidas de higiene e evitem filas.
A proibição de reuniões entre mais de duas pessoas em espaços públicos – exceto aqueles que moram na mesma casa – permanece ao menos até 3 de maio. A regra geral é manter uma distância mínima de 1,5 metro de outras pessoas, o que não impede a prática individual de exercícios ao ar livre.
Restaurantes, teatros e casas de show permanecerão fechados ao público, e a realização de serviços religiosos segue proibida, enquanto grandes eventos públicos e aglomerações continuarão vetados pelo menos até 31 de agosto, para evitar transmissões em massa.
A Alemanha manteve ainda a recomendação de que os cidadãos evitem viagens e visitas privadas não essenciais, incluindo aquelas com razões familiares, embora elas não estejam proibidas.
As medidas são de caráter nacional, mas cada um dos 16 estados alemães é responsável por sua implementação, de acordo com critérios do governo regional e o nível que a pandemia atingiu seu território. O estado da Baviera é o que registra o maior número de casos confirmados e é onde as restrições são mais severas, tendo quase paralisado a vida pública.
Também nesta quarta-feira, o Ministério do Interior alemão decidiu prolongar até 4 de maio controles impostos em março nas fronteiras com a Áustria, Suíça, França, Luxemburgo e Dinamarca. As restrições também são válidas para os voos vindos da Itália e da Espanha. Apesar de a medida não ser aplicada na fronteira do país com a Holanda e a Bélgica, as autoridades intensificarão os controles em uma linha fronteiriça de 30 quilômetros de extensão.
Uma sondagem divulgada na segunda-feira pelo instituto de pesquisa de opinião YouGov havia apontado que a maioria dos alemães é contra o abrandamento da contenção imposta para combater a pandemia de covid-19.
Segundo a pesquisa, 44% dos entrevistados se mostraram favoráveis à extensão das medidas além do dia 19 de abril (para quando estavam previstas anteriormente), 12% disseram até mesmo que elas deveriam ser reforçadas. Apenas 32% afirmaram concordar com um relaxamento das restrições, e 8% defenderam aboli-las.
Além disso, de acordo com o YouGov, 78% dos entrevistados disseram respeitar totalmente as medidas de restrição, 18%, apenas parcialmente, e 2%, muito pouco.
Em 22 de março, Merkel e os governadores alemães aprovaram restrições abrangentes à liberdade de circulação por duas semanas. Essas medidas foram mais tarde prorrogadas até 19 de abril. Mas, mesmo antes disso, eventos esportivos e culturais com espectadores foram cancelados e a maioria das lojas – com exceção principalmente do comércio de alimentos e medicamentos – foi fechada.
O país, contudo, não impôs a quarentena compulsória a seus cidadãos, em contraste com restrições mais rígidas introduzidas na França, Bélgica, Itália e Espanha.
EK/dpa/afp/efe/ots/cp
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