
Por mais aguda e complexa que seja a pandemia do coronavírus: ela é a ameaça mais urgente, mas, de longe, não é a única contra o ser humano. Tomemos o meio ambiente como exemplo, mais especificamente as mudanças climáticas, para as quais os cientistas soaram o alarme há décadas. Modelos de computador muito convincentes mostram assombrosamente como a vida mudará na Terra se não houver ações para coibir o aquecimento global – quanto mais cedo, melhor. Até agora, isso não resultou em ações realmentes decisivas.
Ou um outro problema ambiental: o avanço do lixo plástico no planeta. Ou a extinção em massa de espécies. Na maioria dos casos, sabemos exatamente o que deveria ser feito. Mas muito pouco acontece muito devagar.
É claro que é mais fácil mobilizar uma sociedade inteira quando se trata de proteger a própria vida ou a dos seres amados no momento atual, quando não se luta contra um perigo visto como abstrato e futuro – ou quando esse perigo se revela mais intensamente em outros lugares do que nas proximidades.
Além disso, há o problema dos oportunistas. Para ficar no exemplo das mudanças climáticas: não são apenas os países que adotam medidas para a proteção do clima que se beneficiam delas.
Em algum momento, a pandemia do coronavírus fará parte do passado. Se, então, alguém disser que a política é apenas a arte do possível, poderemos lembrar que o possível é muito mais do que se pensa.
Matthias von Hein (rk)Caminho Político
Edição: Régis Oliveira
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