Nova Déli é palco de nova onda de manifestações contra lei que facilita cidadania para minorias perseguidas, mas exclui muçulmanos. Dezenas de pessoas ficaram feridas nos confrontos, incluindo policiais e manifestantes. Indianos voltaram às ruas de Nova Déli para uma nova rodada de protestos violentos contra uma nova lei de cidadania, com pelo menos dez pessoas mortas em dois dias de confrontos intensos, que coincidem com a visita do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao país.
A polícia indiana informou nesta terça-feira (25/02) que há um policial entre os mortos. Outras 186 pessoas ficaram feridas nos tumultos desde segunda-feira, sendo 56 policiais e 130 manifestantes, disse o porta-voz da polícia de Nova Déli Anil Kumar.
O hospital Guru Teg Bahadur, por sua vez, fala em menos 13 mortos e cerca de 150 feridos. "Posso confirmar agora 13 mortos. Ao menos 150 pessoas vieram ao nosso hospital com ferimentos", disse o funcionário Rajesh Kalra à agência de notícias AFP nesta terça-feira.
Na segunda-feira, veículos e lojas foram incendiados, e propriedades foram destruídas durante os confrontos entre defensores e opositores da Lei de Cidadania, proposta pelo governo e aprovada pelo Parlamento em dezembro passado. A legislação concede cidadania indiana a imigrantes vindos de Bangladesh, Paquistão e Afeganistão, mas exclui muçulmanos.
Durante sua passagem de dois dias pelo país, Trump se recusou a opinar sobre a mudança na lei indiana. "Eu não quero discutir isso. Quero deixar isso para a Índia e acredito que eles tomarão a decisão certa para o povo", disse o americano.
A onda de protestos contra a controversa lei causou, entre dezembro e janeiro, a morte de mais de 20 pessoas e a prisão de outras mil pessoas, aproximadamente.
A polícia e as tropas paramilitares patrulhavam áreas sensíveis, e drones foram usados para monitorar a situação, segundo Randhawa. "A situação está sob controle", afirmou o porta-voz.
Os confrontos ocorreram nos bairros no nordeste de Nova Déli, com grande população muçulmana. Imagens de televisão mostraram ruas cheias de tijolos quebrados e fumaça saindo de lojas.Segundo as autoridades, os mortos nos confrontos incluíam jovens das comunidades hindu e muçulmana. O número de vítimas pode aumentar, já que vários dos feridos ainda se encontram hospitalizados.
Todas as escolas do nordeste da capital indiana permaneceram fechadas, e ordens proibindo reuniões de mais de cinco pessoas foram impostas até 24 de março.
A nova lei que provocou os protestos acelera a obtenção de cidadania para minorias religiosas vindas de países vizinhos de maioria muçulmana, mas exclui os muçulmanos do benefício.
Os críticos dizem que a lei vai contra a Constituição secular da Índia, que trata todos como iguais independentemente da religião, e é um passo em direção à marginalização da minoria muçulmana do país.
O governo liderado pelo nacionalista Partido Bharatiya Janata (BJP), do premiê Narendra Modi, nega que a lei seja discriminatória contra muçulmanos. Mas os protestos, cuja maioria é amplamente pacífica, continuam em várias cidades do país, muitas vezes sob liderança de mulheres muçulmanas.
MD/efe/dpa/cp
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