"Atitude típica de governos autoritários", diz advogado da FSP sobre Bolsonaro

Imitando Donald Trump, que cancelou recentemente as assinaturas do New York Times e do Washington Post na Casa Branca, Jair Bolsonaro anunciou nesta quinta, 31, em entrevista a José Luiz Datena, da TV Bandeirantes, que determinou o cancelamento de todas as assinaturas da Folha de São Paulo no governo federal. Assim, nenhum órgão do governo pode receber o jornal a partir de agora.
Na incessante guerra travada com a imprensa, Bolsonaro e seus apoiadores também vêm fazendo campanha para que os anunciantes abandonem o jornal. Em live nas redes sociais após a entrevista a Datena, Bolsonaro disse em tom de ameaça: "Não vamos mais gastar dinheiro com esse tipo de jornal. E quem anuncia na Folha de S.Paulo presta atenção, está certo?".Luiz Francisco Carvalho Filho, advogado da Folha, afirmou que trata-se de "atitude típica de governos totalitários". Também advogada do jornal, Taís Gasparian acrescenta que Chávez e Maduro, "por irônica que seja a comparação", fizeram exatamente a mesma coisa com a imprensa na Venezuela. "Os veículos todos são ameaçados, não apenas a Folha", ressaltou.
Café da manhã
Em nota, a Folha afirmou que “lamenta mais uma atitude abertamente discriminatória do presidente da República contra o jornal e vai continuar fazendo, em relação a seu governo, o jornalismo crítico e apartidário que a caracteriza e que praticou em relação a todos os outros governos”.
Também a Datena, Bolsonaro citou um café da manhã que teve com jornalistas da Folha no Palácio da Alvorada, em 3 de setembro. Segundo o jornal, Bolsonaro deu uma declaração falsa a esse respeito a Datena, quando disse que a Folha publicou palavrões e que o conteúdo das declarações foi distorcido.
Esses não são os primeiros ataques de Bolsonaro à Folha. O jornal tem sido um de seus alvos favoritos desde desde a campanha presidencial. Em outubro, o então candidato disse: “Não quero que (a Folha) acabe. Mas, no que depender de mim, imprensa que se comportar dessa maneira indigna não terá recursos do governo federal”. Já eleito, afirmou: “Por si só esse jornal se acabou”.
Imprensa/Caminho Político

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