
Presente na coletiva, Vogel lembrou que não se trata de um desbloqueio global do ministério e que seguem contingenciados 2,86 bilhões de reais na pasta. Esse valor atinge projetos que vão da educação básica à pós-graduação.
"Em relação ao orçamento do MEC, continua contingenciado o mesmo montante, não houve descontingenciamento global do MEC, o que fizemos foi uma realocação de recursos dentro da pasta", explicou o secretário executivo.
O Ministério da Educação não detalhou quais áreas perderam dinheiro com essa realocação. Segundo a pasta, o valor liberado nesta sexta-feira corresponde a 771 milhões de reais para universidades e 336 milhões de reais para institutos federais.
Weintraub afirmou que o descontingenciamento foi possível graças ao reaquecimento da economia. "No começo, a economia estava muito fraca. Tivemos que sinalizar para o mercado uma série de compromissos com a responsabilidade fiscal", declarou.
"E tudo isso, lá atrás, eu havia dito, e falei como economista e não como ministro, que tudo isso teria, sim, impacto positivo na economia: a arrecadação subiria, o nível de atividade subiria, os empregos seriam criados e a gente poderia descontingenciar", acrescentou o ministro. "Eu disse que teríamos que administrar a crise na boca do caixa."
Weintraub informou ainda que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), cujas provas serão aplicadas nos dias 3 e 10 de novembro, ocorrerá normalmente neste ano. "As provas já foram impressas. Os alunos que se preparem", afirmou.
Crise no MEC
O contingenciamento de verbas não é prática exclusiva do governo do presidente Jair Bolsonaro, mas é realizada de maneira recorrente por diferentes gestões ao longo dos anos.
Weintraub, contudo, instalou uma crise neste ano ao afirmar que a promoção de "balbúrdia" nos campi universitários serviria de critério para a escolha das instituições que sofreriam cortes.
Logo depois, dada a repercussão negativa da declaração, o MEC anunciou o bloqueio de 30% dos recursos discricionários de todas as universidades federais do país, sem distinção.
Esses recursos se referem a despesas correntes, como contas de luz e de água, bolsas acadêmicas, insumos de pesquisa, compra de equipamentos para laboratórios e pagamento de salários de funcionários terceirizados.
O valor bloqueado correspondia a um total de 2,4 bilhões de reais, ou 3,5% do orçamento total das universidades federais. Em setembro, o MEC anunciou a liberação de 1,15 bilhão de reais e, agora, dos 1,1 bilhão de reais que faltavam.
O contingenciamento faz parte de bloqueios anunciados pelo governo desde o início do ano e que afetaram todo o ministério. Em abril, a pasta congelou 5,8 bilhões de reais e, em julho, um novo bloqueio atingiu 348 milhões de reais. Em setembro, houve um desbloqueio de 1,9 bilhão – sendo 1,15 bilhão desse valor para as universidades.
Críticas à fala de Weintraub
Em abril, a afirmação do ministro referente à "balbúrdia" nas universidades foi alvo de duras críticas, e a medida foi classificada por especialistas de inconstitucional, por ferir o princípio da autonomia universitária.
Diante dessa e outras declarações consideradas ofensivas, o Ministério Público Federal entrou com uma ação civil pública na Justiça Federal do Rio Grande Norte contra Weintraub e a União, por danos morais coletivos causados a alunos e professores de instituições públicas de ensino.
Questionado nesta sexta-feira, o ministro diz que não se arrepende do que falou. "Estou pedindo transparência com quem paga imposto. E se isso é ser polêmico, eu sou polêmico."
"Universidade não é lugar para fazer festa onde morre gente, que é bêbado, bate a cabeça. Universidade não é lugar para produzir metanfetamina nem para plantar maconha. Universidade é lugar de pesquisa e ensino, e é por isso que a gente paga imposto", acrescentou.
EK/abr/ots/cp
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