Pesquisas apontam cenário fragmentado e dificuldades para que os grandes partidos formem coalizões estáveis. Pleito também deve marcar entrada da extrema direita no Legislativo após quatro décadas de marginalização. As seções eleitorais na Espanha foram abertas neste domingo (28/04) para a escolha da nova composição do Legislativo do país – 350 deputados e 208 senadores.
Os socialistas do PSOE aparecem como os favoritos, mas a incógnita é se a sigla e outras legendas de esquerda vão conquistar cadeiras suficientes na Câmara para formar uma coalizão estável ou se os partidos de liberais e direita terão cadeiras suficientes para formar o seu próprio bloco. A eleição ainda deve marcar a entrada no Parlamento de um partido de extrema direita, uma corrente política que nas últimas quatro décadas teve papel marginal no país.
O pleito deve se estender entre 9h e 20h do horário local (4h e 15h em Brasília) – exceto nas Ilhas Canárias, onde todo o processo se realiza uma hora mais tarde. Assim, nenhum dado será conhecido antes das 21h locais.
Mais de 36 milhões de espanhóis foram convocados a votar. Entre eles estão mais de 2 milhões de espanhóis que vivem no exterior. Cerca de 1,2 milhão do total são jovens que vão exercer o direito de voto pela primeira vez. O pleito ainda terá uma novidade: 100 mil pessoas com algum tipo de deficiência cognitiva também poderão exercer o direito, graças à reforma aprovada em 2018.
Para garantir segurança cibernética e física, o governo implantou um novo sistema para proteger o envio e o processamento de dados eleitorais, reforçou as medidas antiterroristas e convocou 92 mil agentes de diferentes forças policiais.
Um governo estável terá de ser apoiado por mais de metade (175) do total de deputados (350) que vão ser eleitos para o Congresso dos Deputados.
As sondagens, por enquanto, apontam para um resultado muito fragmentado, com cinco partidos ultrapassando 10% das intenções de voto, o que deve dificultar as negociações para formar uma coalizão de governo estável.
O favorito para chefiar um novo governo é o primeiro-ministro Pedro Sánchez, do PSOE, que desde junho do ano passado lidera o país. Mas seu partido não deve conquistar cadeiras suficientes para governar sozinho, o que significa que ele terá que buscar alianças com outras legendas. Tudo isso em um ambiente político que azedou desde a tentativa de secessão fracassada da Catalunha.
De longe, a novidade dessas eleições é o surgimento do partido de extrema-direita Vox, que parece prestes a fazer sua estreia no parlamento nacional. Fundado por um ex-membro do conservador Partido Popular (PP), com uma forte postura contra a imigração ilegal, o Vox cresceu graças à sua linha dura contra os separatistas na Catalunha.
Sanchez foi forçado a convocar as eleições antecipadas deste domingo, depois que legisladores pró-independência catalães no parlamento nacional, irritados com o julgamento de seus líderes em Madri, se recusaram a lhe dar o apoio necessário para a aprovação do orçamento para 2019.
O PSOE lidera as sondagens com cerca de 30%, seguido do PP (Partido Popular, direita) com quase 20% e um grupo de três partidos entre 10 e 15%: Cidadãos (direita liberal), Podemos (extrema-esquerda) e Vox (extrema-direita).
A fragmentação partidária e a porcentagem elevada de indecisos detectada pelas pesquisas de opinião, cerca de 40%, também dificultam muito análises sobre as várias possibilidades pós-eleitorais para a formação de coalizões.
Por isso, mesmo depois de o resultado ser divulgado, ainda pode demorar semanas ou até mesmo meses até que a Espanha conheça o seu novo primeiro-ministro.
JPS/ap/lusa/afp/ots/cp
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