"Venezuela expulsa embaixador alemão"

Daniel KrienerMinistério do Exterior venezuelano justifica decisão alegando "recorrentes atos de ingerência em assuntos internos do país" por parte do representante da Alemanha. Diplomata participou de recepção a Guaidó em aeroporto. O governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro declarou nesta quarta-feira (06/03) o embaixador da Alemanha no país, Daniel Kriener, como persona non grata, exigindo que o diplomata deixe o país em 48 horas. Segundo comunicado divulgado no site do Ministério do Exterior venezuelano, a decisão sobre Kriener foi tomada após "recorrentes atos de ingerência em assuntos internos do país".
"A Venezuela considera inaceitável que um diplomata estrangeiro exerça em seu território um papel público mais próprio de um dirigente político, em claro alinhamento com a agenda de conspiração de setores extremistas da oposição", diz o texto.
O Ministério do Exterior alemão confirmou que Kriener foi declarado persona non grata e afirmou estar definindo os próximos passos a serem adotados.
O anúncio foi feito pelo governo Maduro depois de o embaixador alemão comparecer na última segunda-feira, junto a outros diplomatas, ao Aeroporto Internacional Simón Bolívar, em Caracas, para receber o líder da oposição e autoproclamado presidente interino do país Juan Guaidó e apoiá-lo caso houvesse uma tentativa de detê-lo.
Reconhecido por mais de 50 nações como presidente interino da Venezuela, Guaidó, de 35 anos, encerrou no Equador uma turnê pela América Latina que incluiu ainda Colômbia, Paraguai, Argentina e Brasil, onde se encontrou com o presidente Jair Bolsonaro .
Em declaração a jornalistas no aeroporto, Kriener afirmou que os representantes diplomáticos que se mobilizaram no aeroporto buscam uma saída pacífica para a crise na Venezuela. "Viemos ajudar para que o regresso [de Guaidó] seja seguro", disse.
Apesar de não mencionar a recepção a Guaidó, o Ministério do Exterior venezuelano afirma que as ações de Kriener violam as regras básicas das relações diplomáticas. O governo Maduro advertiu que não permitirá "ações de representantes diplomáticos que impliquem uma intromissão em assuntos" da Venezuela, que é "irrevogavelmente livre e independente".
Ao mesmo tempo, manifestou disposição para manter "uma relação de respeito e cooperação com todos os governos da Europa", considerando indispensável que estes facilitem uma "solução pacífica e dialogada" entre os atores políticos venezuelanos.
Em 23 de janeiro, Guaidó recorreu à Constituição venezuelana para argumentar que, como chefe do Parlamento, tem autoridade para se autodeclarar presidente interino ao considerar que Maduro está "usurpando" a Presidência.
No poder desde 2013, Maduro foi reeleito em maio passado em eleições não reconhecidas por boa parte da comunidade internacional e que não contaram com a participação da oposição.
A Alemanha anunciou reconhecer Guaidó como presidente interino da Venezuela no início de fevereiro, junto com vários países europeus – entre eles França, Espanha e Reino Unido. Os governos europeus encarregaram o líder da oposição de convocar novas eleições presidenciais credíveis.
LPF/efe/rtr/dpa/cp

Comentários