"Papa Francisco revoga permanentemente todas as sanções canônicas contra o padre e poeta Ernesto Cardenal"

Sarada outra ferida do catolicismo latino-americano. Um gesto do Papa, como o anterior com o padre Miguel d'Escoto, recompõe de forma discreta e suave uma dolorosa fratura. O sacerdote Ernesto Cardenal (Granada, 20 de janeiro de 1925), famoso poeta latino-americano, durante alguns anos Ministro da Educação logo após a vitória do sandinismo do "primeiro" Daniel Ortega, aquele da liderança contra a ditadura Anastacio Somoza, está hospitalizado já há alguns dias e suas condições de saúde são muito delicadas e bastante precárias. Padre Cardenal, também conhecido como teólogo e especialista em educação popular, há vários anos em rota de colisão com o sandinismo orteguista e que nos últimos meses criticou com veemência, acusando Daniel Ortega de ser um "pequeno mísero ditador", recebeu nos últimos dias visita do Núncio na Nicarágua (sábado 2 de fevereiro), Mons. Stanislaw Waldemar Sommertag, que lhe comunicou que o Papa Francisco revogou todas as sanções canônicas existentes contra ele há 35 anos, impostas por vontade de João Paulo II.O núncio ofereceu ao padre Cardenal para celebrarem juntos a primeira missa depois de mais de três décadas.
Ernesto Cardenal se tornou famoso por seu talento, por suas escolhas políticas, por ser o artífice da eliminação do analfabetismo na Nicarágua depois da ditadura, mas, principalmente, porque em 4 de março de 1983, no Aeroporto Internacional de Manágua, João Paulo II enfurecido quase gritando enquanto o sacerdote estava de joelhos para cumprimentá-lo, disse-lhe com um tom autoritário: "O senhor deve imediatamente se colocar em regra com as normas da Igreja". (NdR: ou seja, o senhor deve largar a política e voltar ao seu mosteiro...).
Logo em seguida vieram várias sanções canônicas contra Cardenal, suspenso do sacerdócio assim como aconteceu com outro sacerdote, em condições quase idênticas, o padre Miguel d'Escoto Brockmann (Los Angeles, 5 de fevereiro de 1933 - Manágua, 08 de junho de 2017), Ministro dos Assuntos Exteriores do primeiro sandinismo. O Papa Francisco também revogou as sanções do papa Wojtyla contra ele, em agosto de 2014.
A reportagem fi publicada por Il Sismógrafo e Caminho Político. A tradução é de Luisa Rabolini.

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