O resultados começaram a ser observados com a reinauguração do Museu de Imagem e do Som de Cuiabá (Misc), em 2017. Abertas a partir do garimpo, às margens do córrego da Prainha, no século XVIII, as vias estreitas que definiram a ocupação de Cuiabá, moldaram entre o quadrilátero da praça da matriz e o Largo da Mandioca o que se conhece hoje como Centro Histórico. Após anos de abandono, a área passa atualmente por um processo de valorização estrutural, ocupação e democratização, graças a recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC – Cidades Históricas), do Governo Federal. O resultados começaram a ser observados com a reinauguração do Museu de Imagem e do Som de Cuiabá (Misc), em 2017. Desde então, o espaço tem recebido uma série de eventos destinados a diferentes públicos, incluindo em sua programação aulas de viola caipira, mostras de fotografia e religiosidade popular, contação de histórias, arte LGBTQI+ e outras.
De acordo com o secretário de Cultura, Esporte e Turismo, Franciso Vuolo, este esforço resultou em um aumento relevante de público no local, que deverá ser expandido por toda a região com ações artísticas e sociais contínuas. Assim como neste edifício, a Prefeitura de Cuiabá também garantiu a revitalização da Casa Barão de Melgaço e da Praça da Mandioca. Além disso, estão em andamento as obras da Casa de Bem-Bem e da Praça Senhor dos Passos.
Na sequencia, começam os trabalhos de restauração da Praça do Beco do Candeeiro e o prédio do Instituto do Patrimônio Artístico e Histórico Nacional (Iphan). Somadas a outras nove intervenções, estimadas em cerca de R$10 milhões, as obras formarão um quadrilátero onde serão desenvolvidas atividades em conjunto com artistas e movimentos sociais. O objetivo é trazer de volta a vida ao espaço, que atualmente corresponde a 10% do centro urbano da Capital.
Todos esses projetos foram pensados para os 300 anos e que, sendo assim, muitos deverão ser executados ainda em 2019.
Segundo o Prefeito, Emanuel Pinheiro, a revitalização traduz o perfil e o modelo de gestão pública implantando pela administração, levando em conta o período em que o município completa seu tricentenário. “Uma gestão humanizada, acessível às pessoas e a todos os segmentos não poderia desconsiderar nosso passado. E nós temos essa capacidade de acolher a todos e assimilar o que de melhor nos é apresentado para construir nossa própria história.”
Imóveis particulares
Os edifícios do núcleo histórico, tombado em 1993, representam a origem e ocupação da cidade desde o século XVII até meados do século XX. Nessa área estão as ruas mais antigas de Cuiabá e equipamentos que documentam momentos marcantes da história da cidade, tanto no que se refere aos materiais e técnicas de construção quanto aos estilos. As antigas ruas de Baixo, do Meio e de Cima (atualmente, Galdino Pimentel, Ricardo Franco e Pedro Celestino).
Diante da importância da região, Vuolo reforça a Prefeitura vem cumprindo sua parte no PAC, que também conta com a parceria do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). É preciso, contudo, considerar que nem todos os imóveis da região são tombados e que sua manutenção é de responsabilidade dos proprietários. “No caso das propriedades que não estão inclusas no PAC, cabe ao IPHAN notificação do proprietário e a busca por parcerias”, explicar.
O secretário destaca ainda que há poucos imóveis tombados pelo município e que, embora a gestão possa ser parceiros em alguns processos, a responsabilidade maior é dos proprietários. “Em muitos casos os casarões são parte de herança da família e pertencem a muitos donos, o que inviabiliza a ação do poder público. Infelizmente, pela falta de cuidado dos donos acabam se deteriorando e culminando em situações como o desabamento da antiga Gráfica Pepe, nesta semana.”
Outras iniciativas
O secretário adjunto de Cultura, Justino Astrevo, lembra que o Edital do Fundo Municipal de Cultura para o próximo ano prevê investimento de 300 mil em ações para a preservação do patrimônio. “Isso atende a demanda da sociedade, que quer desenvolver atividades educativas e artísticas nesse local, e, ao mesmo tempo, promove a sua valorização enquanto espaço histórico”, diz.
Neste contexto há que se mencionar ainda a assinatura de um Termo de Compromisso entre Prefeitura de Cuiabá e a Energisa Mato Grosso para o reordenamento da estrutura de cabeamento aéreo existente no Centro. “A cidade é um organismo vivo. Ela vive dos que vivem nela. Por isso quero uma Cuiabá viva e pulsante, que tem consciência de seu passado para construir melhor o futuro”, destaca o prefeito.
ANDRÉ GARCIA SANTANA
Luiz Alves

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