Após apuração confirmar sua ida ao segundo turno, petista afirma que vai seguir na disputa pela Presidência com "uma única arma: o argumento". Bolsonaro também promete unir o país e põe em xeque credibilidade das urnas. Logo após a divulgação do resultado das eleições neste domingo (07/10), o candidato à Presidência Fernando Haddad (PT) descreveu como uma "oportunidade de ouro" sua ida ao segundo turno. A disputa contra o presidenciável mais votado, Jair Bolsonaro (PSL), será em 28 de outubro. Com 99% das urnas apuradas, o capitão reformado havia registrado aproximadamente 46% dos votos válidos, enquanto o petista contava com pouco mais de 29%. Bolsonaro também comemorou o resultado, mas insistiu que, se não fosse por "problemas" nas urnas eletrônicas neste domingo, o Brasil já teria definido seu presidente.
Em pronunciamento em um hotel em São Paulo, Haddad expressou o desejo de "unir os democratas do Brasil" em torno de um projeto que tenha como prioridade o combate às desigualdades sociais do país e a defesa da soberania nacional e popular.
"Queremos unir as pessoas que têm atenção aos mais pobres desse país tão desigual. Queremos um projeto amplo para o Brasil, profundamente democrático, mas também que busque de forma incansável a justiça social", afirmou ele ao lado de dezenas de apoiadores, correligionários e aliados, incluindo sua candidata a vice, Manuela D'Ávila (PCdoB).
Após a confirmação de seu nome no segundo turno, o petista conversou por telefone com seus adversários na primeira rodada Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede) e Guilherme Boulos (Psol), indicando o desenho de uma possível aliança na disputa pela Presidência no dia 28. "Tenho muito respeito e consideração por todos, e a ideia é manter o diálogo aberto", disse.
Haddad completou que o segundo turno "nos abre uma oportunidade de ouro para discutir frente a frente, sem medo de ser feliz". "Queremos enfrentar esse debate com muito respeito. Vamos para o campo democrático com uma única arma: o argumento."
"Vamos com a força do argumento para defender o Brasil e seu povo, sobretudo o povo mais pobre. Sempre estive do lado da liberdade e da democracia. Não vou abrir mão dos meus valores", acrescentou o ex-prefeito de São Paulo.
Segundo ele, as eleições de 2018 põem muitos fatores em jogo no Brasil. "É uma eleição incomum, muito diferente de todas das que participamos. Coloca muita coisa em risco. O próprio pacto da Constituinte de 1988 está hoje em jogo em função das ameaças que sofre quase diariamente."
Ao fazer referência ao resultado das urnas, que apontou vantagem de quase 17 pontos para Bolsonaro, o petista disse que os números são "expressivos" e apontam para os "riscos que a democracia corre no país".
A assessoria de imprensa de Haddad informou que ainda não foi definida uma agenda de conversas com demais partidos e lideranças para viabilizar um apoio no segundo turno. Nesta segunda-feira, o candidato deve visitar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na prisão em Curitiba e, em seguida, conceder uma entrevista coletiva à imprensa.
Bolsonaro
O adversário de Haddad também se pronunciou sobre o resultado das urnas neste domingo, agradecendo a todos os brasileiros pelos votos que garantiram sua liderança na disputa. "Ganhamos em quatro regiões. Perdemos no Nordeste, mas nossa votação [nessa região] foi muito boa, e tenho certeza que ampliaremos essa vantagem no segundo turno", afirmou.
O militar reformado venceu em 16 estados e no Distrito Federal, enquanto Haddad foi o mais votado em nove estados, sendo oito deles no Nordeste, além do Pará. Ciro Gomes (PDT), por sua vez, fechou na frente no Ceará, seu estado natal.
Em seu pronunciamento, que foi transmitido ao vivo no Facebook, Bolsonaro prometeu unir o Brasil caso seja eleito, acrescentando que o país está "à beira do abismo".
"Temos tudo para sermos uma grande nação. Temos que unir o nosso povo, unir os cacos que nos fez o governo da esquerda no passado. Unidos, seremos, sim, uma grande nação. Ninguém tem o potencial que nós temos", afirmou ele, ao lado de Paulo Guedes, seu assessor econômico.
O presidenciável ainda pôs em xeque a credibilidade das urnas eletrônicas, afirmando que vai recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para cobrar soluções sobre problemas relatados durante a votação neste primeiro turno.
Ele mencionou um vídeo compartilhado em redes sociais no qual um eleitor diz apertar o número 1 e, automaticamente, a urna acrescentar o número 3, formando assim a cifra 13, de Haddad. A imprensa brasileira apurou a gravação e disse se tratar de uma montagem.
"Vamos junto ao TSE exigir soluções para isso que aconteceu agora. E não foi pouca coisa, foi muita coisa. Tenha certeza que se esses problemas não tivessem ocorrido, e tivéssemos confiança no voto eletrônico, já teríamos o nome do futuro presidente da República decidido hoje", afirmou.
EK/abr/ots/cp
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