Angola em vésperas do 6º Congresso extraordinário do MPLA. As expetativas são diversas e por vezes contraditórias, tanto no seio do partido no poder, como entre observadores, analistas e a sociedade angolana em geral. Olívio N'Kilumbu é um jovem analista politico e consultor. Nestes dias que antecedem o 6º Congresso Extraordinário do partido no poder - marcado para este sábado (08.09), N'Kilumbu tem estado muito atarefado. As rádios e televisões querem ouvir a sua opinião sobre mais uma mudança no seio do partido no poder, o Movimento Popular pela Libertação de Angola (MPLA).
"O que vai acontecer no MPLA é uma alternância interpartidária, o que teoricamente nos leva a crer que poderá haver, no seio do MPLA, uma grande mudança do ponto de vista prático. Nota-se que o MPLA consegue salvaguardar bem os interesses internos, o MPLA é especialista em fazer isso: lavar a roupa suja em casa".
Será que a saída de José Eduardo dos Santos é uma saída forçada? Olívio N'Kilumbu responde:
"Se analisarmos as várias reuniões que houve em que José Eduardo dos Santos se mostrou disponível a continuar no poder e conduzir o processo relativo às eleições autárquicas, isso nos leva a crer que ele foi obrigado a sair neste momento. Foi uma saída forçada e mal negociada.”
Grandes transformações?
Com a ascensão de João Lourenço à presidência do partido, o jovem politólogo espera grandes transformações. "Tudo mostra que logo que João Lourenço assumir o poder vai haver alterações ao nível do Bureau Politico para criar condições de governabilidade interna, com pessoas da sua confiança, poderá também haver alterações significativas a nível do executivo em determinados ministérios. Vamos saber se houve mudanças ou näo a partir do Orçamento Geral de Estado (OGE) de João Lourenço".
Olívio N'Kilumbu fala mesmo de um possível "tsunami" no MPLA quando se refere ao futuro do partido. "Outra questão serão as mudanças relativas ao congresso de 2021, onde eu creio que vai haver um 'tsunami' no MPLA, porque haverá realmente alterações significativas ao nível do Comité Central (CC), e a partir daí poder-se-á proceder a grandes transformações".
Encenação para inglês ver
Outro jovem "opinion maker" angolano é Augusto Báfua Báfua. Em entrevista à DW África em Luanda, ele lembra que em Angola muito se tem falado da hipótese dos supostos conflitos entre os "eduardistas" e os adeptos de JLO serem apenas uma encenação para inglês ver, ou seja, para os meios de comunicação social nacionais e internacionais. Mas Báfua Báfua não considera plausível essa hipótese.
"Não é possível haver uma encenação uma vez que as coisas estavam tão mal que era de facto necessária uma grande mudança na forma como o Sistema funcionava, mas também não é uma rutura total, uma vez que João Lourenço é do mesmo partido de José Edurado dos Santos. João Lourenço sempre fez parte do aparelho quer do partido quer do Estado, a nível do partido foi secretário de topo, secretário geral, vice-presidente e agora presidente. A nível do Estado também foi governador, foi deputado, foi ministro, agora Presidente da República – não é possível haver uma rutura como tal. Muitos dos quadros que João Lourenço está a utilizar são quadros que fizeram parte da administração quer do partido quer do Estado. Logo não é possível haver essa rutura".
Em Angola,todas as atenções estão viradas para o Futungo de Belas, onde acontecerá este sábado mais um marco histórico para o MPLA – e quiçá – para todo o país.
António Cascais (Luanda)Caminho Político
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