"INCENTIVO: Audiência discute pesca em Novo Santo Antônio e região"

Audiência pública com o objetivo de discutir a pesca no município de Novo Santo AntônioPopulação quer infraestrutura e atividades econômicas com preservação do maio ambiente local. Terminou há pouco, em Santo Antônio do Leste (1.080 km de Cuiabá), audiência pública realizada pela Assembleia Legislativa para discutir a prática da pesca na região. Moradores locais querem infraestrutura, especialmente nas estradas de acesso ao município, asfaltamento das ruas centrais, a edição de uma lei de fomento à pesca esportiva e, com isso, a chegada de turistas que possam aderir ao ecologicamente correto.
O deputado Allan Kardec (PDT), autor do requerimento para o evento, anunciou a destinação de emenda de sua autoria para contribuir com a compra de material de pavimentação.
“Vamos lutar para que ainda este ano a gente consiga o asfaltamento de dois quilômetros da principal rua da cidade, numa articulação junto com os deputados Baiano Filho e Adalto de Freitas. Vamos lutar ainda, para que o governo traga a pavimentação às demais vias centrais”, afiançou.
Sobre a expectativa de que haja a edição de uma lei específica sobre o tema, o deputado lembrou. “Viemos aqui discutir com o povo, nesse município longe de Cuiabá, mas com um grande potencial turístico a possibilidade de avançar na pesca esportiva preservando as espécies. Vamos lutar na Assembleia Legislativa e na articulação junto ao governo para que possamos avançar numa lei que garanta a atividade sustentável, com manutenção do pescador, do comércio local e desenvolvimento com respeito ao rio das Mortes”, explicou .
Para o prefeito de Novo Santo Antônio, Adão Soares Nogueira, o Adão Belchô (PRB), há uma expectativa de que a audiência pública chame a atenção das demais autoridades no estado, e que isso resulte em ações que se revertam em atendimento aos municípios.
“Essa audiência é importante para trazer um evento maior. Queremos incentivo ao turismo com foco na pesca esportiva, mas sem prejudicar a família dos ribeirinhos. Precisamos de uma Associação de Pescadores para dar mais segurança a essas pessoas e vamos trabalhar para isso. Também temos que estimular o turista a vir para cá, com a estruturação das estradas e ruas” reiterou o prefeito.
Essa tese foi defendida pela empresária do ramo hoteleiro, Thaiana Oliveira Morandi.
“Nós investimos aqui e esperamos uma atividade econômica que concilie turismo e preservação ambiental. Que venham nos visitar e utilizem nossa rede de serviços, a pousada, o pescador como guia, a cozinheira, o dono do posto de gasolina, do mercadinho, enfim, que deixe um aporte ao município”, resumiu.
O pescador Afonso Rodrigues de Barros, resumiu a situação do pescador profissional.
“Hoje só podemos pescar 5 quilos de peixe por semana. O quilo do pescado está custando R$ 15; já o pacote de arroz custa R$ 18, então não dá para sustentar toda a família”, destacou o pescador. Sobre pesca esportiva e manutenção de guias locais para pesca, ele disse ser favorável: “pode ser, é importante, porque com os cinco quilos de peixe não dão mais para sobreviver”, finalizou.
Luiza Amorim da Costa, esposa de seo Afonso e também pescadora profissional, não se mostrou favorável a abertura da pesca à prática esportiva. “Vem gente de fora que pesca vários quilos e leva de carro ou de avião. Já nós só podemos pescar cinco quilos”, ponderou.
Para que o tema fosse esclarecido, o professor Universidade Federal de Mato Grosso, Dilermando Pereira fez uma apresentação do estudo realizado e citou as principais ameaças ao rio das Mortes, que banha a região: construções de PCHs e outras hidrelétricas; introdução de espécies não nativas, principalmente vindas de outros países e que causam desequilíbrio ao meio ambiente, e pesca predatória especialmente com uso de explosivos. Entre as espécies, segundo ele, a mais ameaçada é o pirarucu.
O secretário de meio ambiente de São Miguel do Araguaia (GO), Paulo Lisboa Santana, falou sobre o modelo de pesca zero implantado naquele estado. Lá os pescadores profissionais foram incluídos, receberam treinamento, e hoje atuam como guias de pesca.
“No começo tivemos medo de afastar o turista, mas foi ao contrário. Cada pescador predador que perdemos, ganhamos três turistas consciente que pescam, respeitam a natureza, deixam um aporte financeiro nos municípios”, afiançou.
Para ele, “essa é uma iniciativa (a audiência pública) louvável e Mato Grosso só tem a ganhar se vier a implantar uma lei semelhante a que Goiás implantou”.
O vereador de Novo Santo Antônio, José Márcio G. Moreira (PP), foi enfático: “É isso que queremos aqui, pescador esportivo, que venha, pesque, solte, curta o local e aproveite as riquezas naturais do nosso município”.
Maria Nascimento Tezolin

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