"Deputados querem acompanhar fusão entre Boeing e Embraer"

Transporte - aviação - indústria aeronáutica Embraer Força Aérea avião fábricasO presidente da Câmara, Rodrigo Maia, afirmou durante a sessão desta quarta-feira (4) que os deputados vão acompanhar o processo de fusão entre a Boeing e a Embraer, oficializado nesta quinta-feira (5). 

“Esse é um tema que a Câmara precisa tratar e acompanhar de perto”, disse Maia, que se comprometeu a realizar uma comissão geral para tratar sobre o assunto. 

A fusão também foi objeto de audiência na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional e de debates em Plenário. 

A americana Boeing e a brasileira Embraer anunciaram nesta quinta-feira acordo para formar uma nova empresa na forma de joint venture. A fabricante norte-americana de aeronaves deterá 80% do novo negócio e a Embraer, os 20% restantes.

Autor do pedido de comissão geral, o deputado Flavinho (PSC-SP) cobrou a realização do debate. “Precisamos marcar a comissão geral com urgência, já que há notícia de que esse processo está em estágio avançado e ainda não temos nenhuma informação sobre ele”, afirmou. O deputado destacou que é preciso esclarecer os termos da nova empresa aos trabalhadores da Embraer.

Debate em Plenário
Nesta quarta-feira (4), a oposição aproveitou a discussão sobre privatização de distribuidoras de energia para criticar a fusão, considerada como privatização da Embraer. “O governo declara que liberou a compra da Embraer pela Boeing. A Boeing vai ficar com 80%, e nós vamos desnacionalizar as decisões”, criticou o deputado Ivan Valente (Psol-SP). 

Vice-líder do governo, o deputado Beto Mansur (MDB-SP), disse que não se trata de privatizar a Embraer. “Ela vai fazer uma parceria com a Boeing, que é a maior companhia fabricante de aviões do mundo. Uma parceria importante para que a Embraer detenha tecnologia de jatos supersônicos”, defendeu.

O deputado Henrique Fontana (PT-RS) considera um erro deixar a Boeing deter a tecnologia conquistada pela Embraer. “O Brasil não deve abrir mão da sua prerrogativa de ter uma Embraer nacional, que sirva aos interesses militares, comerciais e de desenvolvimento industrial do País”, disse.

Mas a fusão também foi defendida pelo deputado Heráclito Fortes (DEM-PI). “Trata-se de uma parceria para concorrer com a parceria feita entre a francesa Airbus e a empresa canadense Bombardier”, disse.

Abertura de capital
O deputado Fernando Coelho Filho (DEM-PE) disse que a Embraer só chegou a ter condições de realizar a fusão com a Boeing porque a União abriu mão do controle da empresa. “Foi justamente em razão da abertura do capital que a Embraer se tornou essa empresa global que é hoje. Fico imaginando se ela teria essa expertise, a fama e o conhecimento que ela tem hoje se ela fosse a empresa estatal que conhecíamos no passado”, comentou.

A afirmação foi questionada pelo deputado Edmilson Rodrigues (Psol-PA). “Muito antes dessa abertura do grande capital estrangeiro, nós já produzíamos e exportávamos centenas e centenas de aeronaves das mais seguras do planeta”, declarou.
Reportagem - Carol Siqueira
Edição - Alexandre Pôrto

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