"Eu sei que é difícil encontrar bons nomes dentre as opções que temos, todos estamos no mesmo barco. Mas, te garanto, pior que escolher entre essas opções ruins é não exercer a cidadania deixando de ir às urnas, ainda mais quando a justificativa para tanto é um motivo banal".Desde a última eleição presidencial, em 2014, o cenário político brasileiro tem testado de diversas formas a capacidade de resistência dos cidadãos. Apesar da minha pouca idade, vejo pelas análises dos cientistas políticos mais experientes que, nesses 30 anos de democracia, nossas instituições nunca foram tão testadas quanto agora. Episódios diversos e volumosos assombram o país inteiro e parecem fazer parte do roteiro de uma série de ficção – literalmente. Quatro anos depois, voltamos ao mesmo ponto de partida de 2014, a eleição presidencial. Como responderemos a tudo isso?
Agosto de 2016, votação no plenário do Senado decidia pela cassação do mandato da ex-presidente Dilma Rousseff. O processo de impeachment dividiu o país entre apoiadores e críticos, cenário que fez lembrar a saída de Collor do poder quando a nossa democracia ainda engatinhava. Em 2016, diante da destituição da chefe do Executivo, era difícil acreditar que as coisas pudessem piorar. Mas piorou. E muito.
Agosto de 2017, quase um ano após o impeachment, a Câmara dos Deputados barrava denúncia contra o atual presidente, Michel Temer, que foi acusado de envolvimento em crime de corrupção durante a delação de executivos da JBS. Meses antes, em pronunciamento, o presidente afirmou que pessoas da sua equipe ministerial que fossem denunciadas seriam afastadas. Resultado: todos seguiram nos cargos, inclusive ele. Em 2017, diante dos crimes de corrupção do atual governo, era difícil acreditar que as coisas pudessem piorar. Mas piorou. E muito.
Em 2018, no ano eleitoral mais indefinido dos últimos tempos, crimes contra a integridade física de políticos expuseram o quão polarizado está nosso cenário. O terrível caso de Marielle Franco, assim como os tiros contra a caravana do ex-presidente Lula e as ameaças de morte ao ministro do STF Edson Fachin são demonstrações evidentes de que nossa democracia corre perigo mesmo na flor da idade, com apenas 30 anos.
Diante desse quadro, qual deve ser a resposta dos cidadãos? Não há rodeios: a resposta tem que vir das urnas! Para tanto, simples atos são essenciais para que o dever cívico de votar seja cumprido. Um deles é a transferência do título de eleitor.
Nas eleições de 2014, mais de 30 milhões de pessoas não compareceram para votar. Muitas delas não foram por mudarem de cidade e não transferirem o título de eleitor a tempo. Além do desinteresse dos cidadãos, os tribunais eleitorais dão um prazo curto para troca do domicílio eleitoral, o que dificulta o processo. Em 2018, a transferência de título de eleitor poderá ocorrer até 9 de maio.
Para conscientizar a população sobre isso, o coletivo Virada Política, movimento que ambiciona revigorar os debates políticos, lançou campanha nas redes sociais com a hashtag #chegadejustificar. A ideia é alcançar o maior número de pessoas no Brasil inteiro convocando as pessoas para irem aos tribunais regionais eleitorais e transferirem o título de eleitor. Eu já apoiei essa causa e tenho divulgado nas minhas redes de contato. Que tal fazer o mesmo?
Eu sei que é difícil encontrar bons nomes dentre as opções que temos, todos estamos no mesmo barco. Mas, te garanto, pior que escolher entre essas opções ruins é não exercer a cidadania deixando de ir às urnas, ainda mais quando a justificativa para tanto é um motivo banal, como a não transferência do título de eleitor. Chega de justificar, né?
Para mais informações sobre a campanha, clique neste link.
Vinícius Sousa Especialista em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília, é o coordenador do coletivo Café com Política
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