“Outra coisa que é característica da limitação da nossa democracia é a participação popular, dentro dela a participação das mulheres”, ressaltou a presidenta do PT, explicando que “se efetivamente não tenho metade do eleitorado ou da população participando dos processos decisórios da política não tenho uma democracia plena”. “Por isso a fragilidade, por isso com um golpe como o impeachment a gente tem uma desconstrução total dos direitos, monumental, que ninguém ousou nesse período de democracia no Brasil. Nem FHC que se pautava pela cartilha liberal ousou desconstruir, porque tinha uma legitimidade do voto, tinha que mediar com a sociedade”. Segundo Gleisi, com a entrada de Temer a classe dominante decidiu que era hora de “fazer tudo”. “É o desmonte da CLT, a terceirização, o desmonte da previdência social, e principalmente a questão econômica. Essa ação contra a Petrobras é um crime de lesa-pátria”. “Eles aproveitaram a Lava Jato, a questão da corrupção como instrumento para desestabilizar os governos mais progressistas e populares, e colocam isso como motivo para desregulamentar o mínimo de regulamentação que se tinha na economia, sistema financeiro e de crescimento produtivo”. Gleisi questionou o fato do Ministério público e do juiz Sério Moro se vangloriarem de devolver 650 milhões à Petrobras enquanto o prejuízo causado à companhia pela operação apneas em 2015 foi da ordem dos bilhões de reais. “Tiraram a Petrobras de operadora única do pré-sal. Os maiores investimento que fizemos na Petrobras foram para águas profundas e tiram a Petrobras. Agora estão com projeto para terminar com o sistema de partilha e colocar os postos do pré-sal em regime de licitação comum. A partilha era a divisão dos barris de petróleo de cada poço. Vão mudar isso, é um crime de lesa-pátria”. “Agora vão também privatizar o setor elétrico e entregar as outras riquezas. É a total desregulação do Estado brasileiro. Soma-se a isso a falta de visão dessa classe dominante, que não há nenhuma solidariedade com o povo, mas também pudera. Um país com 300 anos de escravidão, onde a pessoa era coisa, objeto, e não sujeito de direito, o povo é detalhe. A dor, a miséria, não dá sensibilidade para essa gente”. “Se acostumaram a se desenvolver na dor do outro. Tivemos 300 anos de escravidão e não fizemos nenhum programa de inserção das pessoas. Isso nos dá um legado péssimo do ponto de vista social, que somado à falta de visão de desenvolvimento dá nesse golpe, de desmonte do estado nacional e dos direitos que conquistamos”. Ressaltando que o golpe contra Dilma Rousseff foi um dos maiores que já ocorreram no país, ela ressaltou a necessidade de união. “Acho sim que temos de buscar uma frente ampla com setores progressistas da sociedade, mas temos que buscar aliança fundamental com povo e com movimentos sociais”. “É preciso remontar a constituição do estado brasileiro, que foi justamente para recepcionar os filhos da aristocracia, que iam estudar na Europa e quando voltavam iam trabalhar na coroa, no estado brasileiro, na aristocracia. Achamos por um tempo que o estado era neutro e republicano, que ele poderia oferecer saídas. Isso foi uma das questões que mais nos levou a ter problemas em relação à resistência”. Para Gleisi, “esse estado policialesco que faz a educação como questão de polícia, que faz invasão na Universidade Federal de Santa Catarina, na Universidade de Minas Gerais. Esse estado policialesco é que exclui o povo do orçamento público. É essa casta dos agentes públicos, juízes, políticos, polícia federal, receita, que lutam por eles, por seus privilégios, a despeito de ter um estado que seja para todos”. O estado policialesco que temos hoje e que criminaliza a política disputa os recursos financeiros e orçamentares, quando diz que uma operação policial pode e deve gastar mais que o social. Entrar novamente no Estado Brasileiro vai significar disputar essa visão, não vai ser fácil”. “Também temos uma luta de curto prazo, que é a defesa de eleições livres e democráticas em 2018, que é para barrar a continuidade desse golpe. Se não fizermos isso, o estrago que vai ser na nação brasileira vai ser absurdo e não sei se teremos oportunidade de nos recuperar”. “Se temos a responsabilidade de fazer os comitês pela democracia, também temos a responsabilidade de trazer propostas únicas, e sei que vamos ter, para apresentar ao povo brasileiro e disputar com a direita as eleições de 2018”. “Vamos defender Lula como candidato, é o que vamos fazer aos estimular os comitês em defesa da democracia, comitês em defesa da candidatura dele. Acho que Lula pode ser fundamental na luta das eleições de 2018 pela possibilidade concreta que ele tem de ganhar a eleição. Não que vá ser fácil um governo de Lula, vai ser muito mais difícil, mas vai ajudar a fortalecer a organização popular”.
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