Para este analista, a razão pela qual os resultados positivos surgem agora, três anos após a criação do Fundo, pode estar relacionada com as pressões a que este Fundo tem estado sujeito. Uma das pressões, avança, prende-se com o facto dos estatutos do Fundo Soberano preverem que "nenhum dos gestores de ativos pode gerir mais de 30% dos ativos”. Mas, acrescenta, há uma entidade, que é a Quantum Global, que possui 85% dos ativos do Fundo Soberano, o que não é possível. Há aqui, do meu ponto de vista, uma tentativa de dizer: "eles gerem 35%, mas os resultados são muito bons!”, explica. Outra das razões prende-se com o facto do Fundo ser gerido por José Filomeno dos Santos, filho de José Eduardo dos Santos, e por isso "haver a pressão no sentido de apresentar resultados”.Carlos Rosado não duvida que "estes resultados não correspondem à realidade”. "São resultados potenciais, não são resultados efetivos”, reafirma. Para o analista, "os resultados (do Fundo) têm que estar acima de qualquer suspeita”. Lembrando que, em 2015, o FSDEA registava prejuízos de mais de 130 milhões de dólares, Jane Morley, diretora regional para África do centro de análise econômica britânico Economist Intelligence Unit (EIU), afirma que o facto de o Fundo ter dado lucro pela primeira vez é uma "boa notícia” e que, "num contexto de volatilidade nos mercados globais, ter mais dinheiro para investir na economia é um aspeto positivo”. No entanto, esta responsável também tem as suas reservas relativas às especificidades deste Fundo. "Há vários problemas com o Fundo Soberano de Angola. Este Fundo não é um fundo de estabilização como acontece em outros países, o que significa que o dinheiro não pode ser usado para compensar reservas internacionais", explica.
Jane Morley nota ainda que o dinheiro do Fundo nem sempre foi investido da melhor forma. Por exemplo, tem-se investido muito dinheiro na área do turismo que não é uma prioridade, quando existem no país problemas graves em outras áreas. Ainda assim, e apesar de admitir ser "difícil” prever já os resultados do próximo ano, Jane Morley tem boas perspetivas. "Há alguns sinais de que o novo Governo de João Lourenço possa trazer uma nova abordagem para o fundo, o que seria positivo", conclui.
Raquel Loureiro/cp
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