"Eleições na Alemanha: Schulz quer conter a imigração ilegal"

Deutschland wählt DW Interview mit Martin Schulz (DW/R. Oberhammer)Em entrevista à DW, Martin Schulz, candidato à chancelaria alemã e principal rival de Angela Merkel, reitera que é necessário reprimir o tráfico de pessoas para travar a imigração ilegal para o continente. Em entrevista exclusiva à DW, Martin Schulz, candidato do Partido Social Democrata (SPD) à chancelaria da Alemanha, reiterou que é necessário criar um quadro legal através do qual os requerentes de asilo ou migrantes que precisem de proteção poderão entrar na Europa.
Apesar da postura do seu partido em relação à imigração não divergir tanto com a da chanceler Angela Merkel – candidata à reeleição pela União Democrata-Cristã (CDU) –, Schulz acredita que o SPD pode realizar um trabalho melhor em colaboração com os governos africanos – incluindo os "não democráticos", ressaltou. "Para parar os traficantes de seres humanos, devemos, se necessário, trabalhar em conjunto com países como o Níger e outros. Isso só é possível sob a supervisão de organizações internacionais, porque as normas constitucionais devem ser respeitadas e há o risco de algumas nações não seguirem as normas jurídicas internacionais", afirmou o Schulz. Responsabilidades Sobre o motivo de não descartar o trabalho em conjunto com líderes africanos tidos como ditadores, Schulz afirmou que cabe às Nações Unidas dialogar com esses líderes, em vez de deixar a questão sob inteira responsabilidade da Europa.Questionado se ele faria um "acordo" com alguns países, Schulz interveio, preferindo não usar o termo "acordo" como forma de encontrar uma solução para o dilema da migração. "Como europeus e como alemães, em particular, sempre fomos bem sucedidos quando estávamos abertos, tolerantes e corajosos. Sempre falhamos ao sucesso quando nos fechamos e tentamos reprimir os outros com nosso poder e riqueza. Isso sempre terminou em desastre na Alemanha", ressaltou Schulz ao falar sobre os desafios que o próximo líder alemão precisará enfrentar.
"Não podemos nos permitir chantagear"
Schultz criticou, particularmente, a forma como a Turquia está lidando com a questão dos refugiados, dizendo: "Eu, por um lado, não estou disposto a permanecer em silêncio sobre como Erdogan está destruindo a democracia turca somente por causa da questão dos refugiados. Eu disse, e eu direi de novo que, devido à forma como o Governo turco está se comportando atualmente, a Turquia não pode se tornar um membro da União Europeia"."Se isso nos levar a cancelar o acordo de refugiados, teremos que lidar com isso. E teremos que cuidar dos refugiados", afirmou o candidato, referindo-se ao polémico acordo entre a UE e a Turquia para conter a imigração ilegal em direção ao continente. "Mas não estou preparado para me colocar de joelhos na frente de Erdogan. Não podemos nos permitir chantagear. E eu digo mais uma vez, do jeito que eu o conheço, ele não tentará instrumentalizar os refugiados para a sua política externa. Acho que se ele fizesse isso, perderia toda a credibilidade internacional", reforçou.
A política de Angela Merkel
Sobre o trabalho da atual chanceler, Martin Schulz disse que Merkel gerencia o status quo da Alemanha de acordo o lema "um país onde vivemos bem e gostamos de viver". "Ela está certa", admitiu o candidato, advertindo que "também queremos que a vida seja boa amanhã, e é por isso que precisamos dizer às pessoas o caminho que estamos a seguir". "Angela Merkel decidiu dizer ‘podemos fazê-lo'. Mas então outros tiveram que fazê-lo", ressaltou.Pesquisas
Nestas quinta e sexta-feira (15.09), duas pesquisas eleitorais divulgadas pelas emissoras de televisão ARD e ZDF apontam que a coligação entra a CDU e a União Social Cristã (CSU), com a chanceler Angela Merkel como candidata à reeleição, deverá vencer com certa vantagem as legislativas da Alemanha, em 24 de setembro. A candidata surge com 37% na pesquisa da ARD – mesmo percentual da sondagem anterior. A enquente da ZDF apresenta a coligação de Merkel com 36% da intenção de voto. Apesar das pesquisas, Martin Schulz disse que "está bem". "Pesquisas são pesquisas. Em 24 de setembro as pessoas falarão, e então veremos".

Autoria Jens Thurau, Isaac Mugabi, tms/cp

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