A lei estabelece que o ministro da Justiça, que também atua como procurador-geral do país, terá o poder de nomear os presidentes de cortes regionais, que antes eram eleitos pelos seus próprios pares. Críticos taxam a matéria como inconstitucional.
O órgão executivo da União Europeia (UE) recomendou que as autoridades polonesas "não tomem qualquer medida para destituir ou forçar a aposentadoria dos juízes do Supremo Tribunal", sob pena de sanções.A Comissão alertou que está pronta para acionar "sem mais demoras" o artigo 7 do Tratado de Lisboa, que pode resultar, em última instância, na suspensão do direito de voto da Polônia em caso de violação persistente dos valores europeus – neste caso, do Estado de Direito. O dispositivo seria ativado pela primeira vez.
O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, ressaltou que "a independência do Judiciário é uma condição essencial" para adesão de um país à UE e, por isso, "não pode aceitar um sistema que permita destituir juízes arbitrariamente".
"Se o governo polonês insistir em comprometer a independência da Justiça e do Estado de direito na Polônia, não teremos outra escolha, senão desencadear o procedimento do artigo 7", afirmou Juncker.
O primeiro vice-presidente da Comissão Europeia, Frans Timmermans, disse que Bruxelas está aberta ao diálogo para resolver os problemas "em conjunto e de forma construtiva", mas ponderou que a independência do Tribunal Constitucional polonês só pode ser restabelecida "revogando as leis de reforma do poder judiciário" ou fazendo adaptações para que elas respeitem a Constituição polonesa e as normas europeias.
Polêmica
Em paralelo, a Comissão Europeia também anunciou a abertura de um procedimento de infração por violação da normativa europeia em relação a separação de poderes e discriminação de gênero.
Além disso, o órgão expressou preocupação com a possível discriminação com base em gênero. A lei estabelece idades diferentes de aposentadoria a juízes mulheres (60 anos) e homens (65 anos).
Políticos conservadores criticaram as medidas tomadas pela UE. "Não aceitamos chantagem por parte dos funcionários da UE, especialmente, a chantagem que não se baseia em fatos. Todas as leis preparadas pelo Parlamento polonês estão em conformidade com a Constituição e as regras democráticas", disse o porta-voz do governo, Rafal Bochenek.
O veto do presidente polonês a duas das três leis aprovadas recentemente pelo Parlamento sobre a reforma do Judiciário tem o objetivo de esvaziar os protestos generalizados na Polônia. Os manifestantes acusam o executivo de querer dominar o sistema judiciário do país. Uma das leis permitiria ao governo controlar o Supremo Tribunal de Justiça, colocando em xeque a independência do sistema judiciário.
Com a decisão, Duda rompeu abertamente pela primeira vez com o líder do Partido da Justiça e da Lei, Jaroslaw Kaczynski, de quem tem sido um aliado desde que chegou ao poder, em 2015.
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