Após votação organizada pela oposição atrair 7 milhões de eleitores, governos europeus apelam ao presidente da Venezuela para que reveja decisão e mantenha atual Constituição. Antichavistas querem intensificar protestos. A pressão internacional sobre o governo da Venezuela aumentou nesta segunda-feira (17/07), depois de um plebiscito organizado pela oposição atrair mais de 7,1 milhões de eleitores. Mais de 98% deles se manifestaram contra a proposta do presidente Nicolás Maduro de eleger uma Assembleia Constituinte e apoiaram a criação de um governo de transição, segundo a reitora da Universidade Central da Venezuela (UCV) e membro da comissão fiscalizadora do plebiscito, Cecilia García Arocha.
Os governos da Espanha e da Alemanha apelaram a Maduro para que respeite a vontade expressa no plebiscito organizado pela oposição e reveja sua decisão de eleger uma Assembleia Nacional Constituinte.
Para o Ministério alemão do Exterior, o resultado do plebiscito é uma "expressão avassaladora da vontade do povo venezuelano". "Ainda que não seja juridicamente vinculativo, deveria levar o presidente Maduro a repensar a convocação da Constituinte", disse uma porta-voz.
Já o ministro espanhol do Exterior, Alfonso Dastis, afirmou que a proposta de Assembleia Constituinte "não é o futuro" do país. "O futuro é cumprir a Constituição", disse Dastis. "O que apoiamos é a Assembleia comum, e é de lá que deve sair a solução", insistiu.
O chefe da diplomacia espanhola argumentou que a saída para a crise venezuelana deve ser "negociada, democrática e pacífica". Diante do Conselho de ministros do Exterior da União Europeia (UE), em Bruxelas, Dastis destacou que a eleição de uma Constituinte seria um passo de difícil retorno e que não se pode descartar a possibilidade de sanções caso isso ocorra, segundo diplomatas ouvidos pela agência de notícias Efe.
A chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, também falou ao Conselho de Ministros do Exterior e defendeu que a União Europeia mantenha "uma pressão importante", insistindo na necessidade de uma declaração em nome dos 28 países-membros.
Ato de desobediência civil
Os venezuelanos haviam sido convocados, pela oposição, para participarem de um plebiscito simbólico contra o projeto de Assembleia Constituinte de Maduro. O plebiscito ocorreu neste domingo, após mais de três meses de intensos protestos, durante os quais ao menos 94 pessoas morreram.
Naquele que a oposição designou como "o maior ato de desobediência civil", os eleitores deveriam responder se apoiam ou não a Assembleia Constituinte, promovida por Maduro e convocada para 30 de julho.
Na votação, os eleitores também pediram que as Forças Armadas defendam a Constituição e apoiem o Parlamento, onde a oposição detém a maioria, afastando-se do governo. A consulta incluía uma terceira pergunta sobre se aprovavam uma renovação dos poderes públicos, a realização de eleições livres e a formação de um governo de unidade.
O número de participantes na consulta simbólica, divulgado pela oposição, é pouco inferior aos 7,7 milhões que votaram nos candidatos oposicionistas nas eleições legislativas de 2015, garantindo ao campo dos adversários de Maduro o controle do Parlamento.
Motivados pelo resultado da votação, a oposição da Venezuela promete intesificar os protestos contra o governo e impedir a Assembleia Constituinte. Os líderes da oposição estão prometendo a "Hora Zero" na Venezuela para demandar uma eleição geral e frear o plano de Maduro de criar um novo órgão legislativo .
AS/efe/rtr/lusa/cp
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