Nos e-mails, o filho do candidato dá a entender que irá a uma reunião com a expectativa de receber informações úteis para a campanha eleitoral que estariam sendo fornecidas pelo governo russo. A legislação americana proíbe candidatos de aceitar ajuda de governos estrangeiros. O Departamento de Justiça e o Congresso estão investigando se a campanha de Trump recebeu ajuda da Rússia.
Os e-mails foram trocados com um assessor de imprensa britânico chamado Rob Goldstone. Numa primeira mensagem, ele informa ao filho do então candidato que fontes suas em Moscou estariam dispostas a fornecer "documentos oficiais e informações que incriminariam Hillary e as relações dela com a Rússia". Esses dados, segundo ele, seriam "muito úteis" à campanha do magnata."Obviamente são informações sensíveis e de muito alto nível, mas fazem parte do apoio da Rússia e de seu governo ao sr. Trump", escreve Goldstone em mensagem enviada em 3 de junho de 2016.
Poucos minutos depois, Trump Jr. responde ao e-mail agradecendo o gesto e demonstrando interesse pelo material. "Se for aquilo que você diz, eu adorei", afirma o filho do republicano.
Nas próximas mensagens, os dois combinam um encontro entre Trump Jr. e uma "advogada do governo russo", segundo afirma Goldstone no e-mail, mas sem citar nomes, para o recebimento das informações sobre Hillary. A reunião ocorreu em 9 de junho de 2016 na Trump Tower, em Nova York.
Nesta terça-feira, Trump Jr. afirmou que a advogada em questão, Natalia Veselnitskaya, não era funcionária do governo em Moscou, como alegou Goldstone, e não tinha qualquer informação para oferecer. "Ela queria falar sobre políticas de adoção e o Ato Magnitsky [lei de 2012 que estabelece uma lista negra de violadores russos de direitos humanos]."A divulgação dos e-mails por parte do filho de Trump ocorreu horas depois de o jornal The New York Times ter afirmado que ele trocara mensagens com Goldstone, nas quais este ofereceria material comprometedor sobre Hillary cuja origem seria o governo russo. A reunião com a advogada russa fora revelada pelo mesmo jornal no fim de semana.
Nesta segunda-feira, em mensagem publicada no Twitter, Trump Jr. já havia defendido sua participação na reunião, alegando ser uma prática normal informar-se sobre adversários políticos. "Obviamente sou a primeira pessoa em campanha a participar de uma reunião para receber informações sobre um oponente. Não deu em nada, mas eu tinha que escutar."
Ingerência russa
O governo Trump se encontra sob pressão política devido ao escândalo envolvendo a suposta interferência russa nas eleições presidenciais dos EUA em 2016 e eventuais ligações entre Moscou e a campanha republicana.
Agências de inteligência americanas garantem que a Rússia esteve por trás dos ciberataques a organizações e operadores do Partido Democrata antes do pleito. Rejeitada por Moscou, a conclusão é apoiada também por empresas de segurança cibernética.
Alé disso, a demissão repentina do ex-chefe do FBI James Comey, em maio, levantou questões sobre as motivações do presidente, já que foi sob o comando desse diretor que a polícia federal americana iniciou um inquérito para apurar a suposta ingerência russa.
Após seu afastamento, Comey revelou que Trump chegou a lhe pedir, em fevereiro, para encerrar uma investigação sobre o ex-conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca Michael Flynn, envolvendo também contatos com russos.
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