A primeira medida foi aprovada pelo Congresso em tempo recorde: ela reserva ao governo a prerrogativa de nomear os 25 membros do Conselho Nacional do Judiciário (KRS), um órgão encarregado de aprovar a indicação de juízes regionais na Polônia.
Outra lei também aprovada nos últimos dias também estabelece que o Ministério da Justiça poderá nomear diretamente os presidentes de cortes regionais, que antes eram eleitos pelos seus próprios pares.
Protestos
Os dois projetos foram apresentados ao Congresso na última quarta-feira. A lei que erodiu a independência do KRS precisou de apenas três dias entre a apresentação e a votação final pela Câmara e pelo Senado. As medidas geraram indignação entre a oposição e ativistas pela democracia no país. Milhares foram às ruas de Varsóvia e de Cracóvia no fim de semana para protestar. Muitos carregaram velas. Vários juízes se juntaram aos protestos. A oposição também atacou as novas leis. "É assim que ditaduras começam”, disse Borys Budka, um deputado da Plataforma Cívica, o maior partido oposicionista.
Oficialmente, o governo controlado pelo PiS defende os projetos como uma forma de "democratizar” o Judiciário e aumentar a influência da população sobre o poder. Segundo declarações de membros do governo, o sistema judicial do país é "um Estado dentro do Estado” que necessita de mais transparência. Críticos, no entanto, apontam que o partido presidido pelo ex-premiê Jaroslav Kaczynski pretende recriar uma espécie de versão renovada do antigo Judiciário que existia na época comunista, onde juízes eram membros carimbadores de decisões do antigo partido comunista.
Conflitos
O novo conflito com o Judiciário ocorre após meses de desgaste com a Comissão Europeia, que vem fazendo críticas regulares contra Varsóvia por suas medidas para expandir a influência do Executivo e limitar a liberdade no país. No ano passado, o governo tentou limitar a entrada de jornalistas no Congresso e aprovar projetos para reduzir ainda mais o acesso ao aborto.
Essas medidas e a ofensiva regular contra o Judiciário geraram críticas da comissão, que chegou a ameaçar tomar medidas contra Varsóvia, mas nada fez na prática. No último fim de semana, a comissão disse ver "com grande preocupação” o que está acontecendo na Polônia.
Em dezembro do ano passado, o PiS já havia assegurado o controle do Tribunal Constitucional, o órgão responsável por lidar com questões da Constituição do país, ao aprovar uma lei que acabou com o poder do presidente da Corte de apontar o seu próprio sucessor, transferindo essa prerrogativa para o governo.
O PiS também sabotou a indicação de juízes para o TC que haviam sido feitas pelo governo anterior. Dessa forma, assegurou que cinco vagas estivessem abertas quando voltou ao poder em 2015. No total, o partido indicou oito dos quinze juízes da Corte.
JPS/rt/dpa/cp
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