Ministra afirma que carta conjunta assinada pelo governo brasileiro e outros sete países latino-americanos é ingerência, viola o Direito Internacional e "incentiva o golpismo". O governo Nicolás Maduro acusou nesta segunda-feira (01/05) o governo brasileiro e de outros sete países latino-americanos de incentivarem um "golpe" na Venezuela. O motivo é a carta conjunta, divulgada no domingo, pedindo uma saída negociada para a crise venezuelana.
No texto, os oito países referendam o que disse o papa Francisco, pedem que "tudo que se possa fazer pela Venezuela deve ser feito" e fazem um chamado ao "fim dos atos de violência, à plena vigência do estado de direito, à libertação dos presos políticos, à plena restituição das prerrogativas da Assembleia Nacional e à definição de um cronograma eleitoral".
A ministra das Relações Exteriores da Venezuela, Delcy Rodríguez, usou o Twitter para protestar contra o comunicado, assinado por Argentina, Chile, Colômbia, Costa Rica, Peru, Paraguai, Uruguai e, em suas palavras, "o governo de fato do Brasil."
"Os governos signatários seguem cometendo grave erro de violar o Direito Internacional e alentar o golpismo", disse a chanceler, referindo-se ao comunicado como um ato de ingerência em assuntos internos da Venezuela.
Segundo a ministra venezuelana, cada comunicado "em apoio a fatores opositores" incentiva o "golpismo e a violência" e "pretende desconhecer um governo legítimo".
No domingo, Maduro chegou a elogiar parte do discurso do papa, que, segundo o presidente venezuelano, "entregou seu melhor esforço" para que aconteça o diálogo político em seu país.
"Membros da oposição criticaram o papa Francisco. Eu respeito as expressões do papa Francisco, eu o respeito", disse Maduro em seu programa transmitido pela emissora estatal VTV.
Em seu discurso, o papa Francisco pediu respeito aos direitos humanos e o fim da violência na Venezuela, onde, só em abril, quase 30 pessoas morreram com o acirramento da crise política. Ele apelou por condições claras para mediar um diálogo no país.
"Eu acredito que tem que ser em condições muito claras, parte da oposição não quer isto, o que é curioso. A própria oposição está dividida e, por outro lado, parece que os conflitos se aguçam mais, mas há algo em movimento, há algo em movimento", afirmou o pontífice.
O duas vezes candidato à presidência da Venezuela e governador do estado de Miranda, Henrique Capriles, criticou a declaração do papa sobre a oposição venezuelana e assegurou que ela não está dividida.
A oposição venezuelana abandonou o diálogo em dezembro do ano passado após alegar que o governo Maduro não cumpriu os acordos alcançados nessas conversas. Desde então, a crise política se acirrou.
RPr/efe/ots
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